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Miúdos Seguros Na Net - Promover a Segurança de Crianças e Jovens na Internet

Minimizar Riscos, Maximizar Benefícios.

Miúdos Seguros Na Net - Promover a Segurança de Crianças e Jovens na Internet

Minimizar Riscos, Maximizar Benefícios.

Políticas de Utilização Aceitável

Tito de Morais, 21.08.07

Logotipo do guia "Acceptable Use Policies: A Handbook", disponibilizado pelo Departamento de Educação do Estado da Virgínia, nos Estados Unidos da AméricaComo referi no artigo anterior, "Ensinar a Segurança", nos Estados Unidos o Estado da Virgínia foi inovador, tendo sido o primeiro Estado norte-americano a tornar obrigatória a inclusão do tema da segurança online de crianças e jovens nos curriculuns escolares tendo, para o efeito, produzido legislação específica que complementava outra legislação anterior que já obrigava as escolas a adoptarem Políticas de Utilização Aceitável (PUA).

 

De facto, em 1999 o Estado da Virgínia legislou no sentido de exigir que as escolas submetessem a sua PUA ao equivalente Estatal das Direcções Regionais de Educação. Esta legislação foi modificada em Julho de 2001 passando também a exigir que as escolas seleccionassem tecnologias de filtragem para todos os seus computadores dotados de acesso à Internet. A nova legislação estabeleceu também que até 01 de Dezembro de 2001 e doravante bianualmente, as escolas submetessem um relatório à legislatura do Estado afirmando a sua conformidade com a legislação. Para esse efeito, às escolas era exigido submeterem uma PUA actualizada até 16 de Novembro de 2001.

 

No âmbito desta acção, o Departamento de Educação do Estado da Virgínia desenvolveu e disponibilizou às escolas um guia que lhes fornece ajuda e orientações para a definição das suas PUA's e cuja leitura recomendo vivamente. Neste guia poderá encontrar informação relativa aos principais componentes, exemplos e modelos que podem contribuir decisivamente para PUA's focadas na utilização responsável dos recursos disponibilizados por escolas e centros de recursos multimédia que fornecem acesso a redes informáticas e à Internet.

 

Neste mês em que, em Portugal, o Plano Tecnológico da Educação foi um tema nos meios de comunicação social, julgo que seria da maior importância os responsáveis pelo mesmo ficarem a par do que no domínio da segurança online das crianças e dos jovens se faz noutros cantos do mundo e não o fazerem apenas ao nível do esforço da penetração das tecnologias de informação e comunicação. É que, aludindo às declarações de Nancy Willard no artigo anterior, não basta apenas "dar" bicicletas às crianças e ensiná-las a andar de bicicleta. O nosso trabalho só estará concluído quando as crianças forem capazes de o fazer de uma forma segura e responsável. E do que me é dado ler nos documentos disonibilizados no âmbito do Plano Tecnológico da Educação, esta é uma componente que não marca presença no Plano. Espero só que se tenha a inteligência de emendar a mão atempadamente e que, à semelhança do que aconteceu com a criação da hotline portuguesa para a denúncia de conteúdos ilegais, não seja necessário esperarmos 8 anos para que tal seja uma realidade.

 

Ensinar a Segurança

Tito de Morais, 21.08.07

Logotipo da National Cyber Security AllianceNo passado dia 15 de Agosto, a National Cyber Security Alliance (NCSA), com o apoio de empresas tais como a Computer Associates, McAfee, Microsoft e Symantec, assim como organizações educativas tais como o Consortium of School Networking e a State Education Technology Directors Association, apelou aos líderes estatais dos Estados Unidos da América para colaborarem com os líderes educacionais a nível estatal de forma a garantirem que todas as salas de aula passassem a integrar lições sobre ciber segurança e ciber ética.

 

No Estados Unidos, o "No Child Left Behind Act" exige que os estudantes sejam tecnologicamente literados ao completarem o 8º ano. Segundo um comunicado de impresa da NCSA, a National School Boards Association revelou que 96% dos distritos escolares afirmam que pelo menos alguns dos seus professores marcam trabalhos de casa que exigem a utilização da Internet. No entanto, ainda não existe educação formal sobre como utilizar a Internet de uma forma ética e segura.

 

Apesar do que é afirmado no comunicado, são várias as organizações não-governamentais norte-americanas, algumas delas socorrendo-se de fundos e apoios estatais, que desenvolveram e disponibilizam curriculuns escolares sobre estes temas cuja utilização é feita de forma gratuita e voluntária desde finais da década de 90/inícios deste século. A este nível, o Estado da Virgínia foi inovador, tendo sido o primeiro estado norte-americano a tornar obrigatória a inclusão destas matérias nos curriculuns escolares tendo, para o efeito produzido legislação específica que complementava outra legislação anterior que já obrigava as escolas a adoptarem Políticas de Utilização Aceitável.

 

Imagem ilustrativa da estatística referida no estudo da Universidade do MichiganSegundo o comunicado da NCSA, as aptidões no domínio da utilização da Internet são indispensáveis aos estudantes do século XXI, mas a Internet, tal como o mundo real, pode expô-los a perigos e ameaças com os quais se podem confrontar no decorrer de um dia normal. Entre estes, contam-se contactos por parte de ladrões de identidade, predadores sexuais e cyberbullies. Ainda segundo este comunicado da NCSA, um estudo recente da Universidade do Michigan sobre questões de saúde das crianças (Maio de 2007), os adultos classificaram a "segurança na Internet" como o 7º problema mais importante a afectar os seus filhos, com 1 em cada quatro adultos a classificarem este tema como "grande problema".

 

"À medida que mais e mais crianças e adolescentes crescem no mundo online, é importante que percebam como se devem comportar online e que a sua segurança depende de falarem ou não com estranhos, coloque ou não informação pessoal em sites de redes sociais ou protejam os seus computadores familiares, afirmou Ron Teixeira, Director Executivo da NCSA. "É crítico que os Estados e as escolas integrem lições sobre segurança Internet, ciber ética e ciber segurança nos esforços educacionais actuais no domínio da literacia tecnológica de forma a proteger as crianças do risco de roubo de identidade, mas também para proteger a infraestrutura online da nação".

 

Para garantir que as crianças recebam um ciber educação exaustiva que as ajude a evitar a maioria das ameaças com que se defrontam online, os programas de ciber sensibilização devem incorporar o que a NCSA denominou C3 framework (cyber ethics, cyber safety e cyber security). Não o fazer poderá criar nos alunos um falso sentido de segurança. Os princípios do framework C3 fornecem uma abordagem equilibrada que fornecem aos estudantes conhecimentos práticos e as aptidões necessárias para evitar predadores sexuais, ataques de phishing, cyberbullies, ladrões de identidade e outros perigos na Internet. De uma forma genérica, estes são os princípios orientadores do C3 framework:

  • Cyber Ethics: estas lições ensinam que o hacking de computadores e a obtenção ilícita de informação é tão errado quanto assaltar a casa de alguém. O cyberbullying é tão errado como o bullying nos recreios escolares. Regras e códigos de comportamento aceitáveis devem ser estabelecidos no mundo virtual, tal como o são no mundo real.
  • Cyber Safety: estas lições incorporam muitas dicas de comportamento social que visam proteger as crianças de perigos online tais como evitar cyber predadores, assédio e contactos indesejáveis de cyberbullies. Também incorporam dicas que ajudam os alunos a reconhecer se se envolveram em situações perigosas e a responder às mesmas com eficácia quando estão online, incluindo quando e como denunciar as ameaças com que se podem confrontar online.
  • Cyber Security: estas lições fornecem aos estudantes informação sobre como salvaguardar os seus computadores, identidades e informação financeira. Outras lições incluem a necessidade de utilização de palavras-chave fortes, efeitos de vírus, características do correio electrónico não solicitado e os perigos de responder a esquemas de phishing e de pharming.

Segundo a NCSA, não só as aulas de ciber sensibilização ensinam às crianças formas delas próprias se protegerem de ciber criminosos, como também é necessário ajudar os estudantes a lidar com o assédio e o cyberbullying de outras crianças. É que de acordo com um estudo realizado em 2006 pelo National Center for Missing and Exploited Children e pela University de New Hampshire, o assédio online aumentou mais de 50% entre o ano 2000 e o ano 2006 e 44% dessas comunicações de assédio foram provenientes dos pares das vítimas. Acresce que, de acordo com um estudo recente do Pew Internet & American Life Project, "um terço de todos os adolescentes que usam a Internet já foram vítimas de cyberbullying".

 

"Se está a ensinar uma criança a andar de bicicleta, o seu trabalho não termina enquanto a criança não for capaz de o fazer de uma forma segura e responsável", afirmou Nancy Willard, Directora do Center for Safe and Responsible Internet Use e autora do livro Cyber-Safe Kids, Cyber-Savvy Teens. "É bastante claro que precisamos de tratar estes temas. A abordagem proposta pela NCSA fornece um excelente modelo para os líderes estatais seguirem na criação de um estrutura exasutiva de planeamento e implementação que atrairá as partes necessárias para a mesa, de forma a assegurar uma instrução eficaz e abrangente".

 

São já muitas as empresas e as organizações que apoiam ou participam no desenvolvimento da abordagem ciber educacional da NCSA e a todas as organizações interessadas em apoiar o C3 Framework da NCSA aconselha-se a leitura deste whitepaper para mais informações.

 

Eis uma iniciativa que seria da maior importância ser adoptada em Portugal no âmbito do Plano Tecnológico da Educação.

Vídeos & Segurança

Tito de Morais, 19.08.07

Logotipo do "Computer Security Awareness Video Contest 2007"Quando no passado dia 3 de Agosto escrevi o artigo "Cyberbullying, Vídeos e Professores", ainda não tinha tomado conhecimento de uma iniciativa sobre a qual escrevo mais abaixo. Nesse artigo referi a importância da promoção activa da utilização de uma forma construtiva e educativa de recursos como o YouTube, para promover a segurança de crianças e jovens na Internet.

 

Dentro deste espírito e como parte de uma campanha nacional nos Estados Unidos destinada a aumentar os níveis de sensibilização sobre a segurança informática nas universidades, a EDUCAUSE/Internet2 Computer and Network Security Task Force, a National Cyber Security Alliance e o Research Channel promoveram um concurso de vídeos no domínio da sensibilização para a segurança informática.

 

O concurso atraiu participantes de um vasto leque de estudantes de universidades em todo o país que participaram com vídeos relacionados com a segurança informática. Estes explicam muitos problemas de segurança informática e referem as acções que os estudantes devem adoptar para salvaguardar os seus computadores e informação pessoal.

 

"Estamos a encorajar as universidades a incorporarem estes vídeos de estudantes nos seus programas de orientação para os caloiros e nas campanhas de sensibilização para a segurança para os restantes estudantes", afirmou Rodney Petersen, Oficial de Relações Governamentais e Coordenador da Task Force de Segurança da EDUCAUSE. "Uma vez que o maior grupo vítima de situações de roubo de identidade são homens mulheres entre os 18 e os 29 anos, é importante que os estudantes universitários compreenderem os riscos de se estar online e como proteger os seus dados pessoais, computadores e redes universitárias".

 

A National Cyber Security Alliance escolheu o vídeo premiado da autoria de Nolan Portillo, “When You Least Expect It” para o integrar numa campanha nacional que decorrerá em universidades e escolas secundárias dos Estados Unidos para sublinhar as precauções necessárias ao nível da segurança Internet. "Educar a comunidade do ensino superior sobre os riscos e as precauções necessárias a tomar enquanto se usa a Internet é parte integrante da nossa missão de aumentar os níveis de sensibilização sobre as questões da ciber segurança a nível nacional, afirmou Ron Teixeira, Director Executivo da National Cyber Security Alliance. "Por esta razão apoiámos com orgulho este concurso de vídeos, não só porque nos permite alcançar uma audiência essencial de utilizadores da Internet, mas também envolve os estudantes na promoção da compreensão dos riscos online entre os seus pares".

 

Universidades e outras organizações que desejem difundir os vídeos vencedores e usá-los no âmbito de acções de sensibilização poderão ter acesso aos mesmos a partir do site do ResearchChannel, sendo sempre aconselhável consultar os respectivos termos de utilização. Para informação sobre os recursos adicionais desenvolvidos para o ensino superior consulte o site da EDUCAUSE/Internet2 Computer and Network Security Task Force.

Segurança & Redes Sociais

Tito de Morais, 18.08.07

Logotipo da ENISA - European Network and Information Security AgencyNo artigo "Amigos e Redes Sociais" já me referi à dimensão em Portugal das redes sociais como o hi5, Netlog, Orkut, etc. Por exemplo, segundo a ENISA (European Network and Information Security Agency), o MySpace afirmou ter atingido os 100 milhões de utilizadores em Agosto do ano passado. Daí que, se dificilmente se percebe porque as redes sociais estiveram ausentes do estudo referido no artigo anterior, por outro lado facilmente se percebe que a ENISA tenha recentemente desenvolvido um workshop onde colocou a questão: "quão seguras são as redes sociais?"

 

Segundo a ENISA, os especialistas referem que existem muitas razões para nos preocuparmos; dos worms especializados na sua propagação através de perfis em redes sociais até ao roubo de identidade, passando pela extorsão, phishing e até pelo recrutamento de terroristas, as redes sociais têm de tudo. Mas a maior ameaça é à privacidade pessoal.

 

"Milhares de jovens estão a expôr os detalhes mais íntimos das suas vidas pessoais onde toda a gente os possa ver", refere Alain Esterle, Chefe do Departamento Técnico da ENISA. "Os sites da redes sociais criam a sensação de se estar entre amigos -  mas muitas vezes um empregador potencial pode estar interessado no facto de uma dada pessoa ter sido detida ou nas drogas que consumio no dia anterior. Acresce que as novas tecnologias tais como o reconhecimento facial online e os arquivos Internet tornam difícil esconder ou remover tal informação uma vez que esta seja colocada online". A propósito destas afirmações recomendo a leitura do artigo "Redes Sociais: Diferenças Entre o Real e o Virtual".

 

O sentido de intimidade acima referido tem sido explorado por anunciantes com perfis falsos para vender bens, por predadores sexuais de crianças que se infiltram em redes mediante a utilização de perfis falsos e até por organizações terroristas para encontrar recrutas num dado grupo social. Acções de cyberbullying que se caracterizam pela intimidação de alunos de escolas ou assédio a professores através de redes sociais também têm atraído muita atenção. Josie Frasier da Childnet, no Reino Unido, explicou que muitas crianças não denunciam acções de cyberbullying por sentirem que os seus professores não compreendem as redes sociais.

 

Mas nem tudo são más notícias. Segundo Lien Louwagie da Netlog, uma rede social belga com mais de 25 milhões de utilizadores e uma das mais populares em Portugal, "não permitimos que os nossos utilizadores revelem dados pessoais tais como códigos postais", acrescentando que "aqueles que o fazem serão banidos". Este responsável acrescentou ainda que "a Netlog coloca botões de denúncia de abusos em quase todo o lado, pois levamos estes problemas a sério". Por outro lado, segundo Maz Nadjm da Rareface, um empresa de redes sociais baseada em Londres, "a utilização criteriosa de ferramentas de moderação podem ajudar muito". Segundo Alessandro Acquisti, da Universidade de Carnegie Mellon, o seu estudo "Awareness is Key" revelou que os utilizadores se tornavam mais cuidadosos após responderem a um questionário sobre privacidade no Facebook. "O simples facto de responderem a perguntas sobre a sua privacidade tornou-os mais cuidadosos". Este comentário é extremamente interessante, constituindo como que só por si, uma importante razão para a realização de estudos neste domínio.

 

Segundo o comunicado de imprensa da ENISA, esta tomará uma posição sobre as redes sociais através da publicação de um documento oficial em Outubro de 2007. "O objectivo é beneficiar os utilizadores e os fornecedores de serviços de redes sociais sociais, encorajando um ambiente mais seguro em sites de redes sociais", afirmou Andrea Pirotti, Director Executivo da ENISA. Entretanto, poderá aceder às apresentações e whitepapers relativos a este workshop a partir desta página ou, alternativamente, poderá consultar o documento que resume as apresentações e as mesas redondas (PDF - 56KB).

Internet Segura Para Crianças

Tito de Morais, 18.08.07

Símbolo do EurobarómetroNa passada sexta-feira, 10 de Agosto, foram divulgados os resultados do estudo "Eurobarometer on Safer Internet for Children:  qualitative study 2007". Este é um estudo qualitativo pan-europeu, cobrindo 29 países europeus (27 da UE, Islândia e Noruega), resultante de entrevistas extensas a grupos de crianças de 9-10 anos e 12-14 anos sobre o uso de tecnologias online tais como a Internet e os telemóveis, assim como sobre como percepcionam e lidam com os riscos associados à utilização das mesmas.

 

O estudo, encomendado pelo Direcção-Geral da Sociedade de Informação e Média da União Europeia, foi levado a cabo pela OPTEM e pelos seus parceiros europeus. Os objectivos deste estudo foram os de melhorar o conhecimento sobre:

  • A utilização da Internet e dos telemóveis por crianças
  • Os seus comportamentos online
  • As suas percepções dos riscos e de questões relacionadas com a segurança

Os resultados deste estudo serão usados como contributos para a construção do Programa Por Uma Internet Mais Segura e para aumentar o impacto de acções que visem aumentar a sensibilização para estes temas.

 

Tratando-se de um estudo qualitativo resultante de grupos de discussão, torna-se difícil - mas não impossível - estabelecer comparações entre os diversos países. À falta de estudos quantitativos semelhantes em Portugal, seria assim interessante o desenvolvimento de estudos futuros que permitissem uma comparação de resultados a nível europeu. Por outro lado, o número de participantes - em Portugal totalizaram 30 jovens entrevistados em Lisboa - aconselha prudência na extrapolação destes resultados para o todo nacional. Assim, estes resultados parecem-me apenas relevantes para os grupos de jovens inquiridos e para os fins enunciados acima.

 

Mas ainda assim, os resultados merecem uma leitura atenta, para se ficar com uma ideia da realidade portuguesa. Para além das ressalvas acima, um dos aspectos que me chamou à atenção foi a total ausência de referências às redes sociais. Um dos aspectos curiosos dos resultados tem a ver com as diferenças ao nível da utilização entre rapazes e raparigas e o facto destas referirem espontâneamente mais problemas e riscos. Outro aspecto que me surpreendeu foi o facto dos jovens referirem a utilização de fontes múltiplas de informação e não apenas da Internet, como forma de se assegurarem da fiabilidade da informação. Este aspecto surpreende-me porque outros estudos - não relativos à realidade portuguesa, porque são inexistentes - indicam exactamente o contrário, e o contrário é também a percepção que tenho de conversas com jovens, pais e professores. Este aspecto, associado ao facto do estudo referir que os jovens portugueses estão cientes dos riscos e que estes são de conhecimento generalizado por parte de pais e professores, levam-me a questionar se os jovens inquiridos não "padecerão" daquilo a que chamo a "síndroma do Homem-Aranha", isto é, acham que dominam as teias da rede e que são imunes aos riscos. Essas coisas só acontecem aos outros. Mas da minha experiência, quando confrontados com situações concretas, percebem que afinal são tão vulenráveis quanto os outros. A título de exemplo, fazem "downloads ilegais" porque julgam que ficam escondidos pelo anonimato, mas ficam surpreendidos quando se lhes diz que ao fazerem-nos podem ser identificados através do seu endereço IP. Ao nível dos downloads o estudo vem demonstrar como a estratégia de combate aos "downloads ilegais" que tem sido seguida está errada. Torna-se demasiado evidente que a estratégia do "medo" não resulta e parece-me já ser tempo da indústria apostar na educação em torno das questões éticas associadas a este fenómeno. Ou seja, os aspectos relacionados com a propriedade intelectual, em detrimento dos aspectos criminais.

 

Quem tiver interesse em aprofundar o assunto, poderá aceder aos relatórios do estudo a partir desta página. Nesta página encontrarão o comunicado de imprensa, o relatório geral e os relatórios específicos relativos a cada um dos países.

Pedofilia no Orkut

Tito de Morais, 16.08.07

Crimes na internet? Denuncie Segundo noticiou a ID Now!, o volume de novas páginas de pedofilia no Orkut mais do que duplicou no 2º trimestre, em relação a 2006. "Nunca foram criadas tantas páginas sobre pornografia infantil como no primeiro semestre deste ano", alerta oadvogado Thiago Tavares, presidente da Safernet, organização que no Brasil realiza a medição desde o final de 2005.

 

De Janeiro de 2006 a Junho de 2007, o Projeto Central de Denúncias de Crimes Cibernéticos, conduzido por esta organização não-governamental, em parceria com o Ministério Público Federal e a Polícia Federal do Brasil, identificou quase 45.941 perfis e comunidades únicos relacionados a crimes contra os direitos humanos na internet, sendo 93,7% ligados ao Orkut. Comunidades e perfis ligados à pedofilia representam 39,8% das denúncias filtradas, de um total total de 636.350 denúncias recebidas no período acima referido no site da Safernet. Em segundo lugar estão comunidades de apologia a crimes contra a vida (28,1%) e, em terceiro comunidades de apologia ao neonazismo (8,03%). No período de Abril a Junho de 2007, a Safernet registrou mais de 6.500 novas páginas e perfis criados no Orkut relativos à pornografia infantil (mais de 2 mil em Abril, mais de 2.500 em Maio e mais de 2 mil em Junho). No mesmo período do ano passado, a média de novas páginas e perfis criados foi de 2.700 (1.200 em Abril, 700 em Maio e 800 em Junho). A média de permanência das comunidades criminosas no ar é de 8,3 dias. "Ultimamente o Google tem agido rapidamente, mas para uma página com esse conteúdo no ar é uma eternidade", afirma Tavares.

 

Em resposta a esta realidade, o Instituto WCF (World Childhood Foundation) Brasil, organização dedicada à proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes, lançou a cartilha educativa "Navegar com Segurança" para orientar pais e educadores sobre a ameaça da pedofilia e da pornografia infantil na internet. O documento, com 48 páginas, elaborado com o apoio de educadores e sociólogos, pode ser obtida a partir do site do Instituto WCF (PDF - 1MB). Segundo declarações de Ana Maria Drummond, diretora executiva da WCF-Brasil, à IDG Now!, "nós sentimos necessidade de consolidar informações sobre pedofilia e pornografia infantil na internet, mas sobretudo de uma forma que ajudasse a educar os pais". Segundo esta responsável, a ideia é auxiliar os pais a conversarem com os filhos sobre os riscos da pedofilia na internet e diminuir a distância cultural com a nova geração, que já nasce ligada. "A internet não é o vilão da história (...). A questão é navegar com segurança", acrescentou.

Violência Extrema

Tito de Morais, 15.08.07

Imagem do vídeo referido na notíciaHá tempos atrás, pouco tempo depois de ter começado a trabalhar para uma empresa, um colega que ainda me conhecia mal, enviou-me um vídeo. Curioso, abri o ficheiro e vi o início de um vídeo que será por ventura dos mais chocantes com que já me confrontei, tendo de imediato fechado o programa onde o estava a visionar. Percebi então que ainda conhecia mal esse colega. O vídeo era a execução bárbara (como todas são!) de um refém ocidental no Iraque. Nesse vídeo o refém era degolado como se de um animal se tratasse. Se um vídeo destes já é chocante quando de um animal se trata, quando se trata de seres humanos a violência, o horror, a barbaridade e a degradação do acto tornam-no ainda mais chocante. Vem isto a propósito de uma notícia ontem vinculada pela Agência Lusa, sob o título "Racismo: Vídeo na net com alegado assassínio ao vivo de duas pessoas". Perante isto recomendo a leitura do artigo que escrevi esta semana sob o título "Onde Denunciar Conteúdos Ilegais na Internet". No entanto, não posso também de deixar de me recordar de um outro episódio relacionado com este. No dia do lançamento da hotline portuguesa onde os utilizadores de Internet em Portugal podem denunciar este tipo de conteúdos, num pequeno grupo de pessoas discutia-se a dificuldade dos operadores de serviços Internet lidarem com este tipo de denúncias. A título de ilustração, relatei este episódio como um tipo de conteúdos que podem e devem ser denunciados, ao que um representante de um operador retorquiu: "esse caso é muito interessante porque coloca a questão do que pode ser considerado violência extrema". Às vezes acho que as pessoas "ligam o complicador" e quando é assim, as empresas correm o risco de deixarem de ser geridas por pessoas e por valores, passando a serem-no por "autómatos" sem valores.

Vídeos, Anorexia e Internet

Tito de Morais, 14.08.07

Imagem representativa da anorexiaApanhei a notícia através do Portugal Diário que lhe deu destaque sob o título "Vídeos na net promovem anorexia". Organizações não governamentais do Reino Unido no domínio dos distúrbios alimentares apelaram a implementação de controlos mais rígidos depois de detectarem que sites populares de redes sociais tais como o MySpace, YouTube e Facebook estavam a ser usados para promover a anorexia. Ora a notícia do Portugal Diário foca-se quase exclusivamente na questão dos vídeos do YouTube, o que poderá justificar (?) as declarações - no meu ponto de vista algo ligeiras - da responsável da Associação Familiares e Amigos dos Anorécticos e Bolímicos (AFAAB). Por esta razão parece-me relevante aprofundar a notícia seguindo as fontes originais.

 

Segundo a notícia "Social websites like MySpace encourage anorexia, warn charities" do Daily Mail, estes sites estão a ser usados por raparigas anoréticas para se encorajarem mutuamente e promoverem uma "moda" bizarra que se refere a um papel modelo usado por pessoas (geralmente com distúrbios alimentares) para se inspirarem a perder peso, e que é mais comum na comunidade pró-anorexia. Em resultado disso, centenas de milhar de vídeos chocantes exibindo imagens de mulheres extremamente magras têm sido colocadas e vistos por adolescentes YouTube, um site de partilha de vídeos muito popular.

 

Segundo estas organizações não governamentais, os jovens estão também a tirar partido da popularidade das redes sociais como o Facebook para encorajarem outros jovens a não se alimentarem e para trocarem dicas sobre pílulas de emagrecimento. Alguns destes grupos no Facebook e no MySpace tem já um milhar de membros e usam como slogan frases como "Não se destina a pessoas que tentam recuperar. Isso estraga a nossa motivação".

 

As organizações referidas no início da notícia apelaram a este tipo para que monitorizem mais de perto e a controlarem este tipo de conteúdos, alegando que este tipo de vídeos e de informação não ajudam a promover a saúde e não ajudam as pessoas que procuram recuperar de distúrbios alimentares.

 

Segundo Susan Ringwood, uma da maior organização do Reino Unido neste domínio, "os distúrbios alimentares são uma doença mental séria, não uma moda, uma fase ou um acessório de moda. Também não são um estilo de vida e tudo o que possa enganar ou tentar persuadir um jovem vulnerável sobre isto, é potencialmente muito danoso". Esta responsável acrescentou ainda que "quanto mais cedo alguém obtiver a ajuda de que necessita, maior a probabilidade de se recuperarem totalmente". No entanto, alguns movimentos pro-anorexia procuram deliberadamente encorajar as pessoas a evitar o tratamento". Segundo esta reponsável, a sua organização procura "mudar a forma segundo a qual pensamos e falamos sobre os distúrbio alimentares e isso significa mostrar que podemos fornecer a aceitação e a compreensão, para que os grupos pro-anorexia não se tornem no único refúgio existente".

 

Na sua notícia "Social network sites are urged to ban ‘hardcore’ anorexia videos", o Times Online, fonte da notícia do Portugal Diário, inclui ainda dois depoimentos interessantes para percebermos este fenómeno: Um, de uma rapariga de 16 anos, que refere ter começado a ver regularmente este tipo de vídeos há cerca de uma ano; o outro, de uma jovem de 22 anos, que produz este tipo de vídeos.

 

Os sites pro-anorexia, onde adolescentes trocavam dicas e vêem vídeos como os referidos com imagens de raparigas extremamente magras, sempre existiram. No entanto, eram difíceis de encontrar e as pessoas que os frequentavam permaneciam anónimas. A preocupação desta tendência, e que me pareceu escapar à responsável da AFAAB, é que começam a surgir em sites populares alcançando uma audiência de dezenas de milhar de pessoas. A solução também não me parece que seja o banir este tipo de conteúdos como alegadamente pretendem os grupos anti-anorexia. A solução também não me parece que passe pela promoção de vídeos contrário a esta tendência começa a acontecer, até porque geralmente são produzidos por cidadãos que poderão não estar devidamente preparados para tratar estes assuntos. No meu ponto de vista, a solução poderá estar nas declarações de um porta-voz do MySpace: " Em vez de censurar estes grupos, estamos a trabalhar no sentido de criar parcerias com organizações que fornecem recursos e conselhos para pessoas que sofrem deste tipo de problemas e iremos visar estes grupos com mensagens de apoio". Mas conhecendo o ritmo de crescimentos das redes sociais, é bom que essas parcerias se façam depressa.

Ligados & Protegidos

Tito de Morais, 10.08.07

Imagem ilustrativa do "Norton Connected & Protected Town Hall"Curiosamente e na sequência do artigo anterior, foram hoje anunciados os resultados de um outro estudo também solicitado pela Symantec (desta feita pela casa-mãe, nos Estados Unidos) e conduzido pela Harris Interactive. O estudo, realizado em Junho deste ano, inquiriu pais, assim como crianças e jovens menores de 18 que acedem à Internet e revelou - como já vem sendo habitual em estudos que inclui pais e filhos - um significativo fosso digital os pais e os seus filhos ciber-conhecedores.

 

As crianças e jovens inquiridos - entre os 8 e os 17 anos de idade - admitiram dispender em média sete horas por semana online e quase uma quarto (23%), revelou fazer coisas online que os seus pais não aprovariam.

 

Apesar dos pais terem ainda muito que aprender sobre o que os seus filhos fazem online, a sua segurança destes na Internet é para eles um das principais preocupações. De facto, segundo o estudo, quase nove em cada 10 pais (88%) expressa preocupação sobre como manter os seus filhos em segurança na Internet e cerca de três em cada quatro preocupam-se especificamente com o facto dos seus filhos poderem ser abordados ou solicitados online com conteúdos impróprios. Neste mesmo estudo, os jovens revelaram ainda:

  • Vinte e três por cento revelou ter tido uma experiência com materiais impróprios através da Internet que os fizeram sentir desconfortáveis
  • Dezoito por cento teev uma experiência relacionada com cyberbullying ou ciber partidas (tais como receber mensagens, imagens ou vídeos cujo envio pretendia ser uma brincadeira ou partida)
  • Vinte e três por cento teve um encontro com um estranho na Internet, incluindo sete por cento que revelaram ter-se encontrado com alguém da Internet no mundo real
  • Vinte por cento desejam que os seus pais se interessassem mais pela utilização da Internet

Os resultados deste estudo foram usados como base do primeiro evento "Norton Connected & Protected Town Hall" que teve lugar no passado dia 2 de Agosto em Nova Iorque e no qual mais de 75 pais e jovens participaram em discussões interactivas sobre a segurança de crianças e jovens na Internet. O evento explorou a papel desempenhado pela Internet e por outra tecnologias nas vidas pessoais, da escola e das famílias, visando encorajar pais e filhos a manterem um diálogo aberto sobre ciber segurança e ciber ética.

 

Tal como já referi, no artigo anterior e pelas razões então apontadas, seria interessante que a Symantec fizesse estudos semelhantes em Portugal e que, à semelhança do que faz nos Estados Unidos e no Canadá com o Norton Connected & Protected Tour, apoiasse ou contribuisse para a dinamização de projectos que visam os objectivos comuns.

 

Mais informações sobre este estudo podem ser obtidos no aqui.

Canadá: Pais, Filhos e Internet

Tito de Morais, 09.08.07

Logotipo da Symantec CandáEm Maio/Junho deste ano, em nome da Symantec Canadá, a Ipsos Read inquiriu uma amostra representativa de 1093 adultos canadianos com filhos entre os 12 e os 17 anos com acesso à Internet a partir de casa. Eis alguns dos resultados:

  • Oito em dez pais canadianos (77%) com filhos entre os 12 e os 17 anos de idade preocupam-se que os seus filhos possam ter encontros online com predadores. Uma larga maioria (51%) indica estar "muito preocupado" e um quarto (26%) afirma estar algo preocupado.
  • Os pais canadianos também preocupam-se também que os seus filhos possam confrontar-se com sites pornográficos (74%), esquemas fraudulentos (70%), linguagem imprópria (68%) e cyberbullying (60%).

Numa tentativa de monitorizar o conteúdos dos sites visitados pelos seus filhos, cerca de dois terços (62%) afirma ter visitado os sites consultados pelos seus filhos. Dois terços (65%) afirmou verificar regularmente a função "histórico" do seu programa de navegação na web para ver que sites os seus filhos visitaram.

 

Aparentemente, a maioria dos pais canadianos (92%) senta-se com os seus filhos para conversar com eles sobre os perigos com que se podem confrontar na Internet. De facto, três quartos (74%) comunicou de forma clara aos seus filhos as actividades online que consideram aceitáveis e não aceitáveis. A mesma percentagem instruiu os seus filhos sobre o que fazer caso sejam contactados por estranhos através da Internet. Uma percentagem semelhante pergunta aos filhos com quem estão a conversar na Internet (77%) e 74% pergunta explicitamente aos seus filhos que sites visitam na Internet.

 

Questionados sobre os seus níveis de familiarização com alguns produtos/serviços online conhecidos e que os seus filhos poderão estar a usar, muitos pais canadianos afirmaram não estar familiarizados com estes produtos:

  • Apenas 11% não estava familiarizado com produtos de mensagens instantâneas
  • Um quarto (26%) não estava familiarizado com o YouTube, apesar da larga cobertura mediática de que este site tem sido alvo
  • Um terço dos pais com pelo menos um filho(a) com 12-17 anos não estava

    familiarizado com blogues (31%) e com o MySpace (32%)

  • Apesar da sua popularidade entre os jovens, quatro em dez pais canadianos (41%), não estava familiarizado com o Facebook

 

Na eventualidade dos seus filhos serem vítimas de uma experiência negativa na Internet, apenas metade (53%) afirma saber quem contactar nesta eventualidade. De facto, segundo este estudo, os pais canadianos parecem não saber onde obter um série de recursos para os ajudar a manter os seus filhos em segurança na Internet. Apenas seis em dez (58%), sabe onde obter software de controlo parental, enquanto apenas 54% afirma saber onde encontrar materiais que os ajudem a manterem-se informados - a si ou aos seus filhos - sobre as questões da segurança na Internet. Um quarto (22%) dos pais canadianos não sabe de todo onde encontrar estes materiais.

 

Tratando-se de uma empresa multinacional, com operações em diversos países e continentes, seria interessante a Symantec promover este estudo noutros mercados, nomeadamente em Portugal, onde também opera.

 

Mais informações sobre este estudo podem ser obtidos no site da Ipsos Read.

 

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