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Ao Meu Amigo Zé Luís

Tito de Morais, 30.10.08
Foto do meu amigo Zé Luís

Acabáramos de mudar de casa. Eu devia ter aí 5 ou 6 anos. Recordo-me de chegar à varanda lá de casa e espreitar cá para baixo. Lá em baixo, no passeio, um miúdo, louro, com uns tampos de panela nas mãos, quais pratos de orquestra, fazia uma "chinfrineira" desgraçada batendo os pratos de forma "ritmada", enquanto marchava em passo de ganso. Lembro-me de lhe ter atirado: "Ó menino, queres ser meu amigo?". O Zé Luís foi o meu primeiro amigo naquela rua, a rua da minha infância.

 
O Zé Luís era assim. Não passava despercebido a ninguém. Ele assegurava-se disso. Fosse pela marcha em passo de ganso, em quem estou certo o John Cleese copiou. Fosse pelo grito longo, grave, ensurdecedor e normalmente assustador, que habitualmente lançava, por "dá cá aquela palha", nos locais e nas situações mais inoportunas. Fosse pelas alcunhas que colocava a quantos lhe passavam pela frente e cuja mera repetição, como se de um código se tratasse, gerava habitualmente gargalhadas entre todos nós, não por ridicularizarmos alguém, mas pelo cómico da situação que viveramos ou que nos fora contada. Fosse pelas suas imitações dos "alcunhados". Fosse ainda pelas ideias mais incríveis que lhe passavam pela cabeça e que não hesitava um minuto para as pôr em prática.
 
Com o Zé Luís tudo podia acontecer! A ele e, por vezes, a quem com ele estivesse. A "prudência" não era certamente o seu nome do meio! No entanto, quem como eu e outros, crescemos com ele e com a sua amizade, o Zé Luís era máximo! Às vezes até demais. Com ele não havia tédio. Mas às vezes podia haver chatice. De tal forma, que a sua fama precedia-o. Quer junto de nós, quer junto dos nossos pais. Se para nós o Zé Luís era sinónimo de excitação, para os nossos pais era mais sinónimo de sarilhos. E às vezes (?), era mesmo!
 
O Zé era um perigo! Mas era um amigão! Daqueles que não se esquece. Daqueles que nos dá histórias para contar aos filhos e aos netos. A última vez que falei com ele foi exactamente a propósito de um telefonema que lhe fiz para me recordar pormenores de uma dessas histórias que estava a contar aos meus filhos. O Zé recordava-se sempre de tudo e de todos. Em adultos convivemos pouco. Podiamos não nos falarmos durante o ano todo, mas no dia do meu aniversário era mais que certo que me ligava para me dar os parabéns. E quando falávamos era como se nos tivessemos encontrado no dia anterior.
 
O funeral do Zé Luís foi ontem. Não pude estar presente e isso corrói-me. Mas talvez tenha sido melhor assim. Guardo dele uma imagem de vida e alegria. Graças a ele, eu e muitos outros amigo comuns que espero tenham podido estar presentes, temos muitas histórias de infância para contar aos nossos filhos e netos. Outras nem tanto! 
 
Zé: obrigado por teres sido meu amigo. E quando "lá" chegares, não te esqueças do teu grito! Estou certo que não passarás despercebido, como não passaste nas nossas vidas! Fica bem! 
 
Abraço
Tito

Ensinar Com Cinema de Animação

Tito de Morais, 12.10.08

Logotipo "Teaching With Animation"Há dias, um amigo publicou no seu blogue um interessante filme de animação. O visionamento deste filme fez-me regressar à minha adolescência e recordar as filmagens de animação que fazia com uma velha máquina de filmar Super8 que dispunha da possibilidade de se filmar fotograma-a-fotograma. Fez-me recordar as minhas primeiras tentativas de fazer desenhos animados com recurso a desenhos pintados a guache em acetatos, sobrepostos a um cenário pintado igualmente a guache. À memória veio-me o tempo que dispendia com os meus sobrinhos a fazê-los percorrer o pátio lá de casa sentados nos carros de pedais, como se carros de corrida se tratassem. De usar os bonecos e apetrechos dos Action Man para fazer as minhas primeiras animações de marionetas.

 

Mais tarde, inscrevi-me num curso livre de cinema de animação na Cooperativa Árvore, no Porto, onde tive o privilégio e o prazer de conhecer o Abi Feijó que tinha criado e ministrava o curso. A paixão pela animação cresceu. Foi o tempo em que por alguns anos não perdia um único Cinanima - cuja 32ª edição está aí à porta - e durante os quais era ver cinema de animação de manhã à noite. Foi o tempo em que tive o privilégio de acompanhar o Abi como monitor em alguns dos ateliers que ele promovia um pouco por todo o país, entre os quais uma Animatona durante o Cinanima, e um ou outro ciclo de cinema de animação que visava dar a conhecer o cinema de animação que se ia fazendo em alguns países. Foi também um tempo em que tive oportunidade de frequentar inúmeros workshops de animação, dos quais destaco um com o Prof. Gaston Roche, outro com o cineasta romeno Ion Popesco Gopo e um outro com Bob Godfrey, cineasta de animação britânico, à época galardoado com o Óscar para o melhor filme de animação e em cujo estúdio passei umas deliciosas férias de verão. Foi um tempo em que tive a oportunidade e o privilégio de prestar a minha colaboração a alguns projectos do Abi Feijó. Entre essa colaboração destaco o filme "A Noite Saiu à Rua", o genérico da edição de 1988 do Fantasporto e uma curtíssima ajuda para o seu filme "Os Salteadores".

 

Acho que não vejo o Abi desde o tempo de "Os Salteadores". Ele prosseguiu a sua carreira com outras obras - seja como realizador ou como produtor - e com a criação da Casa da Animação, no Porto. Assim, foi com agradável surpresa que há dias descobri uma obra em que ele participou e que poderá interessar a professores e animadores de ATL's, etc. Trata-se do site "Teaching With Animation", um guia interactivo para professores sobre como ensinar com a animação. Trata-se de um recurso que fornece ao professor uma ferramenta que os ajuda a ensinar através da utilização da animação e com a animação. Para além do site, é disponibilizado uma guia para download, tendo pena apenas que não esteja disponível uma versão em Português. De todo o modo, aqui fica a referência a esta ferramenta que também pode ser usada para estimular a produção de animações sobre a segurança online de crianças e jovens. E quem sabe, estará a contribuir para o futuro da animação em Portugal, para os "Abi Feijós" do futuro.