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Miúdos Seguros Na Net - Promover a Segurança de Crianças e Jovens na Internet

Minimizar Riscos, Maximizar Benefícios.

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Como Fazer Compras Online em Segurança?

Tito de Morais, 29.09.12
Imagem de um botão com saco de compras. Fonte: http://www.sxc.hu/photo/1136390.jpg

Segundo um estudo recente, entre Setembro de 2011 e Fevereiro de 2012, 78% dos internautas portugueses fizeram compras online, tendo gasto mais de 1.630 milhões de euros. Um outro estudo, ainda mais recente, revela que mais de 3 milhões de portugueses visitaram sites portugueses de comércio eletrónico durante o segundo trimestre de 2012. Ainda recentemente, com o regresso às aulas, um outro estudo revelou que 8% dos consumidores portugueses preferem comprar online o material escolar para o regresso às aulas.

 

Dados Menos Optimistas

Mas depois há o outro lado da moeda. Um estudo comparativo com outro países europeus refere que os portugueses se mantém cautelosos no que toca às compras online e que a apenas 22% fazem compras online, quando a média europeia é cerca de 40%. Um outro estudo da Comissão Europeia indica que 56% dos residentes em Portugal afirmam não confiarem na sua capacidade de utilizar a Internet para a banca online ou para fazer compras online. O estudo acrescenta que 39% se preocupa com a possibilidade de alguém roubar ou dar mau uso aos seus dados pessoais. O estudo adianta ainda que 69% dos entrevistados se diz “preocupado” ou “muito preocupado” com o roubo de identidade e 82% receia que a informação fornecida online não seja mantida em segurança pelos sites. Dez por cento garante já ter sido vítima de esquemas em que alguém roubou os seus dados pessoais e assumiu a sua identidade para, por exemplo, fazer compras em seu nome.

 

A Pergunta

Perante estes últimos dados, não é de admirar a mensagem que recebi recentemente através do Facebook:

 

“Boa tarde, peço desculpa mas precisava de ajuda. Fiz compras online com um cartão de crédito. O cartão foi clonado e fizeram compras em vários sítios. Hoje de manhã em [Local Omitido]. A instituição bancária bloqueou o cartão e, após longa conversa via telefone, eu cancelei-o. A questão que lhe coloco é a seguinte: existe alguma forma segura de fazer comprar online?

 

Recomendações Para Fazer Compras Online em Segurança 

  1. Verificar regularmente que todo o software do seu computador está atualizado. Isto inclui o sistema operativo e todos os programas instalados, particularmente o seu browser (programa que usa para navegar na Internet) de forma a evitar que criminosos informáticos tirem partido de eventuais vulnerabilidades do software instalado no seu computador.
  1. Certifique-se que a firewall, anti-vírus e anti-spyware se encontram ativos e atualizados. A firewall protege-o contra tentativas de intrusão no seu computador e alerta-o se o tráfego de dados para o seu computador e a partir deste for suspeito. Corra o anti-vírus e o anti-spyware com regularidade para se certificar que o seu computador não está contaminado com malware, isto é vírus, cavalos de tróia, keyloggers e outras maleitas escondidas que podem correr no seu computador sem seu conhecimento e que podem dar acesso, registar, roubar ou modificar os dados no seu computador.
  1. Verifique as definições de segurança do seu browser. Este permite-lhe escolher o nível de segurança com que navega na Internet. Quanto mais baixo, geralmente mais funcionalidades ficam disponíveis. Quanto mais alto o nível de segurança, geralmente mais restrita fica a sua utilização. Aplique o nível mais alto de segurança disponível que se aplique às funcionalidades de que tem necessidade.
  1. Faça compras apenas em sites legítimos e de confiança, isto é, em lojas online de comerciantes offline onde já fez compras e sites conhecidos. Certifique-se que está no site do comerciante que pretende, pois pode ser engando por criminosos que criam sites que aparentam ser legítimos, mas na realidade não o são. Certifique-se da legitimidade do site antes de fornecer quaisquer dados.
  1. Informe-se sobre os sites antes de fornecer os seus dados. Antes de comprar em sites que não conhece, inquira familiares e amigos sobre experiências com esses sites, recorra à Internet para saber o que outros utilizadores dizem dele, isto é, se as experiências foram boas ou más, se houve fraudes, se há queixas, reclamações, etc..
  1. Verifique as políticas de privacidade dos sites antes de fornecer os seus dados. Eu sei que é uma seca e infelizmente não há software (pelo menos que eu tenha conhecimento) que as analise por nós, mas as políticas de privacidade devem deixar explícito como o site recolhe e armazena os dados, a quem fim se destinam, como serão usados e que direitos em termos de acesso a esses dados depois de fornecidos, no sentido de os consultarmos,  editarmos ou removê-los.
  1. Verifique se o comerciante disponibiliza contactos. Veja se o site disponibiliza contactos (email, telefone – fixo ou móvel – fax, morada física, etc.) a que possa recorrer, na eventualidade de qualquer problema. Desconfie dos que apenas oferecem contactos virtuais (email, formulário e outros), e prefira o telefone fixo ao telemóvel. Se fornecerem números de telefone gratuitos (começados por 800) ou locais (começados por 808) tanto melhor. Desconfie daqueles que tem de pagar para serem contactados (número começados por 7). Prefira aqueles que fornecem uma morada física, em detrimento dos que fornecem morada que são caixas, postais, apartados, etc.
  1. Prefira sites com selos de garantia, confiança, certificação, etc. Verifique se o site para ver se este tipo de selos fornecidos por entidades terceiras. No entanto, tenha em atenção que estes podem ser falsos. Clique nos selos para verificar a autenticidade dos mesmos. Geralmente levam para páginas de entidades terceiras que avalizam a legitimidade dos mesmos.
  1. Certifique-se que a sua ligação ao site é encriptada. Introduza dados pessoais (contactos, cartão de crédito, etc.) apenas em páginas cujo endereço comece por HTPPS e que exibam um cadeado. Estes endereços indicam que os dados que submeter são enviados de forma encriptada do seu computador até ao servidor do comerciante, isto é, mesmo que intercetados, dificilmente conseguirão ser lidos.
  1. Verifique a veracidade do ícone do cadeado. A localização do cadeado pode variar consoante o browser que esteja a usar, pelo que convém certificar-se que este é exibido no local onde é suposto, consoante o programa de navegação na Internet que estiver a usar. Clique no cadeado para se certificar que o ícone é verdadeiro, pois há criminosos que criam ícones falsos para o simular.
  1. Certifique-se que o certificado do site está emitido em nome do comerciante, pois apesar de oferecer uma ligação segura, o certificado pode não corresponder ao comerciante e estar a ser usado apenas para dar a ideia de legitimidade. Clique no ícone do cadeado aceder a esta informação.
  1. Use passwords (palavras-chave) fortes e seguras. Alguns sites requerem a abertura de uma conta no site. Forneça o mínimo possível de dados pessoais e escolha uma password forte e segura, isto é: se possível, entre os 12 e 14 caracteres, incluindo letras minúsculas e maiúsculas, caracteres especiais, e algarismos. Se a loja lhe der a possibilidade do site se “lembrar” da sua password, nunca opte por ela, pois as passwords podem ser armazenadas como texto no seu computador, o que facilita a vida aos criminosos.
  1. Considere usar software (programa) de geração, armazenamento e gestão de passwords. Para além de difícil de adivinhar, uma boa password precisa de ser fácil de memorizar, o que com os requisitos anteriores pode não ser uma tarefa fácil. Nesse sentido, considere um programa de geração, armazenamento e gestão de passwords, o que lhe permite gerar, armazenar e gerir passwords fortes e seguras diferentes para diversos serviços online. Este software geralmente armazena as suas passwords de forma encriptada, o que lhe fornece uma camada acrescida de segurança. 
  1. Faça compras online com um cartão de crédito. Existem leis que limitam a responsabilidade dos consumidores no que toca a compras fraudulentas. Se tem mais que um cartão de crédito, use apenas um deles para compras online, preferencialmente aquele com menor plafond. Alguns emissores de cartões de crédito fornecem serviços de segurança online. Se for o caso do seu cartão, registe o cartão nesse serviço. Informe-se junto da entidade emissora do cartão.
  1. Considere usar um cartão de crédito virtual. Uma pessoa pode fazer tudo o que lhe é possível para garantir que está a comprar em segurança e todo esse esforço ir por terra a baixo se a loja onde fez as compras guardar os seus dados e for vítima de um ataque informático. Nesse sentido, pode ser útil recorrer a um cartão de crédito virtual. Este tipo de cartões estão geralmente associados a um cartão de débito, vulgo Multibanco, e permitem-lhe obter os dados de um cartão de crédito (número, prazo de validade e código de segurança) necessário para fazer compras online. Estes dados são geralmente válidos para uma única compra e num montante pré-definido definido pelo utilizador. Uma vez usados, esses dados caducam, impedindo a sua reutilização, lícita ou ilícita. Desta forma, mesmo que a loja onde fez compras for alvo de um ataque e os seus dados forem obtidos ilicitamente, nada poderão fazer com eles, dado estes caducarem após a transação.
  1. Considere meios alternativos de pagamento. Pode fazer compras online e no entanto, usar meios de pagamento tradicionais. Algumas lojas online oferecem meios alternativos de pagamento, tais como pagamentos à cobrança, transferência bancária, cartão de débito (Multibanco), vale postal, etc.
  1. Nunca faça pagamentos enviando credenciais bancárias por email. Empresas e negócios legítimos nunca lhe solicitarão o envio dos dados do seu cartão de crédito ou outros dados sensíveis por email. Mesmo que solicitado, nunca o faça, nem forneça dados relativos à sua conta e nunca confirme a sua compra enviando dados pessoais por email. E evite seguir ligações em mensagens de email, pois podem tratar-se de esquemas de phishing que visam recolher os seus dados de forma ilícita. Nunca siga ligações em mensagens comerciais não solicitadas (spam).
  1. Confira sempre os seus extratos bancários e do seu cartão de crédito, comparando-os com o um registo que deve manter sobre as suas compras e reportando de imediato qualquer discrepância à sua instituição bancária ou entidade emissora do seu cartão de crédito.

A terminar, espero ter-lhe fornecido a informação necessária para, no próximo dia 11 de Outubro, usufruir em segurança das grandes promoções e descontos oferecidos no âmbito do “Dia das Compras na Net”.

Regulação das Redes Wireless em Escolas

Tito de Morais, 27.09.12
Imagem com o símbolo

Na sequência da subscrição da email newsletter do site do Projecto MiudosSegurosNa.Net, recebi uma mensagem com a seguinte pergunta:

 

Aproveito para lhe perguntar se existe algum normativo referente à utilização de redes wireless em espaços escolares. Tem-se generalizado a rede wireless, sendo cada vez maior o número de áreas com “campos de wireless” para um acesso mais célere à “sociedade da informação, em escolas e universidades...

 

Encontrei um site sobre o assunto WiredChild, com elementos interessantes (ver PDFs anexos, aqui e aqui), e com a indicação de que nalguns países da União Europeia existe regulamentação neste domínio. Gostaria de saber qual o tratamento que este tema tem vindo a merecer em Portugal, desde logo, por parte do Ministério da Educação, se existe alguma proibição, etc.

 

Agradecendo, desde já, a sua ajuda, subscrevo-me com os meus cumprimentos e os votos de uma boa semana.

 

Eis a resposta a esta pergunta:

 

A questão dos efeitos nocivos das ondas de rádio-frequência produzidas pelos telemóveis e pelas redes wireless é daqueles temas que pontualmente surge um estudo a dizer uma coisa e pouco depois outro a dizer o contrário.


A questão coloca-se com mais acuidade nos telemóveis, em resultado da maior proximidade do telemóvel do cérebro. Na redes wireless, a questão não se coloca com tanta acuidade, dado que a proximidade do cérebro relativa aos dispositivos emissores/recetores não ser tão grande. Outra fonte de preocupação são as antenas de distribuição de sinal de rede das operadoras móveis.

 

Amiúde, surgem organizações como as autoras dos documentos que me envia e outras referidas nos mesmos (tais como esta e esta), cuja missão é sensibilizar para este tipo de riscos.

 

Relevante é o facto da Organização Mundial de Saúde (OMS) se ter pronunciado sobre o assunto, passando a considerar os campos eletromagnéticos produzidos pelos telemóveis como potencialmente cancerígenos para os seres humanos. Veja a informação fornecida pela OMS, pela International Agency for Research on Cancer (IARC) - o organismo da OMS que classificou a radiofrequência dos campos eletromagnéticos, incluindo aquela proveniente de telefones sem fios, como sendo possivelmente cancerígenos para os humanos – e também pelo National Cancer Institute at the National Institutes of Healthdos Estados Unidos da América. Deste último, ver também este documento.

 

No entanto, o estudo mais recente de que tenho conhecimento tem outra perspetiva, afirmando não haver evidências de riscos para a saúde associados aos telemóveis e às redes wireless.


A minha perspetiva é que mais vale prevenir do que remediar. Outro dos recursos que recomendo, mas sobretudo relativamente aos telemóveis e não tanto às redes wireless é o Environmental Working Group’s Guide to Cell Phone Use.


Já após o envio da resposta e numa pesquisa sobre o tema, encontrei um excelente recurso que recomendo a todos quantos se possam interessar pelo tema. Trata-se do Projecto monIT, uma iniciativa em curso no Instituto de Telecomunicações / Instituto Superior Técnico, que tem como objetivo disponibilizar publicamente informações relevantes sobre radiação eletromagnética em comunicações móveis. Recomendo vivamente a visita ao site que disponibiliza um vasto manancial de informação. No âmbito da sua actividade, esta iniciativa revelou há cerca de um ano e meio que em Portugal as radiações móveis se encontravam mais de 100 vezes abaixo do limite. A notícia adiantava que “nos locais ‘mais sensíveis’, como escolas e hospitais, os valores médios encontram-se cerca de 1.200 vezes abaixo dos limites”.

 

Neste contexto, acrescente-se ainda que existe legislação em Portugal que regula os níveis de radiação eletromagnética, como informa o monIT.

 

A terminar uma última nota: quando digo que mais vale prevenir do que remediar, tal não passa por banir os aparelhos que produzem radiações eletromagnéticas, mas seguir as recomendações fornecidas na documentação acima referida que visam minimizar eventuais efeitos nocivos das mesmas.

 


 

"Pornografia no Facebook"

Tito de Morais, 26.09.12
Imagem que ilustra o título do post 'Pornografia no Facebook'. Fonte: http://www.meionorte.com/noticias/tecnologia/conteudo-porno-podera-ser-exibido-no-novo-facebook-146075.html

Através deste formulário no site do Projecto MiudosSegurosNa.Net recebemos uma pergunta com o título reproduzido acima. Eis a pergunta:

 

Foi detetado um pedido de amizade de um suposto [Nome Omitido], dirigido a crianças e alguns professores da Escola [Nome Emitido]. Este pedido foi aceite por alunos que tiveram acesso imediato à dita página. Como devemos proceder?

 

Na página relativa aos Padrões da Comunidade do Facebook, refere-se explicitamente: “Nudez e pornografia - O Facebook tem uma política rigorosa que proíbe a partilha de conteúdo pornográfico e impõe limites à nudez. Ao mesmo tempo, queremos respeitar o direito que as pessoas têm de partilhar conteúdo pessoal importante, quer se trate de fotos de uma escultura como o David de Miguel Ângelo ou fotos familiares de uma mãe a amamentar.”

 

Assim e à luz destes princípios, o Facebook disponibiliza mecanismos que vos permitem agir perante a situação reportada. Então, Podem proceder das seguintes formas:

  • Remover, Eliminar ou Remover Um Amigo. Quem aceitou o pedido de amizade do suposto [Nome Omitido] pode remover a amizade. Para tal, no perfil do suposto [Nome Omitido], por baixo da fotos de capa, poderão ver uma seta que aponta para baixo (ao lado de uma roda dentada). Cliquem nessa seta e escolham a opção "remover amizade" do menu que se abrir. Abrir-se-á uma caixa de diálogo a perguntar "Eliminar [Nome Omitido] dos amigos?". Deverão confirmar clicando no botão azul "Remover dos Amigos". Na sua página de ajuda, o Facebook também responde à pergunta “Como é que anulo ou elimino um amigo?”.
  • Bloquear Alguém. Qualquer pessoa, tenha ou não aceite um pedido amizade poderá ainda bloquear o perfil do suposto [Nome Omitido] (deixarão de se ver mutuamente), para impedir que a pessoa volte ao contacto. Para tal, no perfil do suposto [Nome Omitido], por baixo da fotos de capa, poderão ver uma seta que aponta para baixo (ao lado de uma roda dentada). Cliquem nessa seta e escolham a opção "Denunciar/Bloquear". Na janela de diálogo que se abrir, deverão escolher a opção "Bloquear João Carvalho" e clicar no botão azul "Continuar", seguindo os passos que forem indicados. Na sua página de ajuda, o Facebook também responde à pergunta “Como posso bloquear alguém?”.
  • Denunciar Perfil. Qualquer pessoa, tenha ou não aceite um pedido de amizade, pode ainda "Denunciar" o perfil do suposto [Nome Omitido] ", para que o Facebook tenha conhecimento da situação, podendo tal resultar na remoção desse perfil do Facebook. Para tal, no perfil do suposto [Nome Omitido], por baixo da fotos de capa, poderão ver uma seta que aponta para baixo (ao lado de uma roda dentada). Cliquem nessa seta e escolham a opção "Denunciar/Bloquear". Na janela de diálogo que se abrir, deverão escolher a opção que melhor se adequar à situação reportada e clicar no botão azul "Continuar", seguindo os passos que forem indicados.

Por fim, na sua página de ajuda, o Facebook fornece ainda informações adicionais que podem ser úteis para o tipo de situação reportada: Como posso denunciar pornografia? e Como denunciar um abuso. Este último fornece instruções sobre como denunciar cronologias, anúncios, eventos, grupos, mensagens, páginas, fotos e vídeos, publicações, publicações na tua cronologia, perfis, perguntas, algo que não consegues ver que violem os termos de utilização do Facebook.

 

Espero ter ajudado. Caso tenha dúvidas que necessitem de esclarecimentos adicionais, esteja à vontade para voltar ao contacto.

Como Sensibilizar Para os Riscos, Sem Paranóias?

Tito de Morais, 25.09.12
Cartaz anunciando a estreia do filme 'Hunger Games' (Jogos da Fome)

Seja no Facebook, através da minha conta pessoal ou do Projeto MiudosSegurosNa.Net, ou por email, recebo inúmeras perguntas de pais, encarregados de educação, professores, educadores e outros profissionais sobre a segurança online de crianças e jovens. Este artigo, aprofunda uma dessas mensagens.

 

As perguntas que recebo são extremamente interessantes e a partilhar essas respostas através de artigos podem ajudar outros leitores que se revejam nas perguntas e até nas respostas. Daí a utilidade em as partilhar, mantendo todavia o anonimato de quem comigo partilha as suas preocupações. É isso que procurarei começar a fazer amiúde neste blog.

 

Chats & Segurança

A mensagem chegou primeiro à conta do Projeto MiudosSegurosNa.Net no Facebook, uma noite destas:

 

Boa noite,


A minha filha de 14 anos descobriu um chat onde conversa em inglês com pessoas que não conhece desenrolando-se tudo na base de role play à volta do filme Hunger Games. Questiono-me sobre a segurança deste tipo de chats e a proibição pura e simples só irá aguçar mais a vontade de os frequentar. Combinámos, então, que eu vos iria pedir ajuda no sentido de saber se realmente representa perigo ou se eu estou a exagerar! Agradeço, então, a vossa ajuda. O chat em questão é o 'Chatzy'.


Melhores cumprimentos.

[Nome Omitido]

 

A Resposta

A resposta foi enviada através do Facebook:

 

Estimada [Nome Omitido],

 

Obrigado pela sua mensagem e por partilhar a sua preocupação.

A sua filha está a tirar partido de uma das oportunidades que a Internet lhe oferece, no caso, conhecer outras pessoas com um interesse em comum (Hunger Games) e praticar e desenvolver os seus conhecimentos de inglês e praticar role play. É excelente que ela possa beneficiar destas oportunidades.

As salas de chat, em si, não são um risco, no entanto, podem colocar a sua filha em contacto com pessoas cujo interesse pelo Hunger Games poderá não passar de um pretexto para entrar em contacto com jovens para outro fins.

Visitei o Chatzy - um serviço baseado na Roménia - e verifiquei que não disponibiliza qualquer informação sobre segurança - para além dos termos e condições de utilização do serviço e da política de privacidade - nem tão pouco informação para pais e encarregados de educação.

Como afirma, a proibição raramente é solução. Assim e uma vez que me parece que ambas têm um bom diálogo, sugiro que acertem entre vós um conjunto de regras para que ela possa usar o serviço de uma forma que a deixe a si descansada relativamente à segurança dela. No entanto, tenham sempre presente que o inesperado pode acontecer e por isso, convém acertarem o que fazer nessa eventualidade.

Por fim, remeto-vos para este documento com dicas de segurança para adolescentes (PDF).

 

Espero ter ajudado.

Cumprimentos
Tito de Morais

 

Novamente Por Email

Na sequência da visita à página do Projecto MiudosSegurosNa.Net no Facebook, a leitora visitou o site, subscreveu a newsletter e enviou novamente a pergunta, mas com uma ligeira variante.

 

Boa tarde! 

 

Respondendo à sua solicitação, a pergunta que gostaria de lhe fazer tem a ver com a forma como transmitir aos adolescentes as questões relacionadas com a segurança na internet sem parecer/ser paranóica!

 

A minha filha de 14 anos descobriu os chats e acha que é tudo boa gente e que não a conseguem identificar, porque ela não transmite informação completa nem identificação de espécie nenhuma. Eu que sou 'cota' não gosto nada que ela fale com estranhos e tento estabelecer comparação entre o que acontece na internet e o que se passa na rua, em que não lhe passa pela cabeça falar com quem não conhece. Ela acha que eu estou a exagerar. Enfim, se calhar estou, mas as desgraças não acontecem só aos outros, certo? Como conseguir sensibilizá-la para este tipo de riscos?

Fico a aguardar a sua resposta e agradeço toda a atenção dispensada.

Melhores cumprimentos.
[Nome Omitido]

 

À mensagem de email e presumindo que a leitora não havia lido a resposta fornecida através do Facebook, respondi remetendo para a mesma:

 

Estimada [Nome Omitido],

Segue abaixo a resposta à sua pergunta que lhe fornecemos através do Facebook. Qualquer informação ou esclarecimento adicional de que tenha necessidade, não hesite em voltar ao contacto.

 

E Como Fazer Passar a Mensagem?

Na precipitação da resposta, não me apercebera que a pergunta não era exatamente a mesma, contendo um ligeira variação, para a qual a leitora simpaticamente me chamou à atenção em nova mensagem:

 

Caro Tito de Morais,

Agradeço a sua pronta resposta. Foi-me muito útil e permitiu-me conversar com a minha filha de uma forma mais tranquila. É que os 'alarmes de mãe' quando disparam podem toldar o raciocínio!... ;)

Tinha, entretanto, enviado um e-mail para as perguntas do site em que coloco a questão de como fazer passar a mensagem para os adolescentes que acham sempre que sabem tudo sobre a internet e que se acham sempre em segurança. O facto de estarem nas suas casas, nos seus quartos, leva-os a pensar que os riscos ficam fora da porta.

Fico-lhe muito grata pela disponibilidade e atenção demonstradas.

 

Os melhores cumprimentos.
[Nome Omitido]

 

O Diálogo: Nunca é Demais!

Felizmente, estava perante uma leitora atenta! De outro modo, a ligeira variante da pergunta ter-me-ia escapado.

 

Estimada [Nome Omitido],

Folgo em saber que a minha resposta foi útil.

A fronteira entre o nosso dever de estimular a autonomia nos nossos filhos e a obrigação de os proteger é uma dicotomia que nem sempre é fácil de gerir, e os "alarmes" de que fala são sinal de que está envolvida e que a segurança da sua filha não lhe é indiferente.

Relativamente à sua outra pergunta, as dicas que referi servem para o efeito.

Por outro lado, para a ajudar na conversa, este artigo da minha colega Marian Merritt pode ajudá-la: Dê Inicio à Conversa

Espero ter dado mais ajuda para cimentar o diálogo com a sua filha. A criação de uma relação de confiança entre ambas é essencial. Todos podemos cometer erros, mas se tal acontecer é consigo que ela deve procurar ajuda para se livrar de qualquer "embrulhada" em que se possa meter! Sem receios de represálias, porque a sua preocupação será ajudá-la! :)

Com os meus melhores cumprimentos

Atentamente
Tito de Morais

 

No dia seguinte, ocorreu-me que em tempos já tinha escrito especificamente sobre a questão dos chats, pelo que se justificou o envio de nova mensagem:

 

Estimada [Nome Omitido],

Na sequência da minha mensagem anterior, lembrei-me de dois artigos que escrevi faz tempo, mas que se mantêm atuais e que, acredito a podem ajudar.

Aqui vão as ligações respetivas:

Cumprimentos

Tito de Morais

 

A terminar, fica a faltar a perspetiva da jovem, isto é, o que ela achou disto tudo. Quem sabe, um dia leremos esse feedback aqui nos comentários.

Cyberbullying em Estudo da DECO / PROTESTE

Tito de Morais, 06.09.12
Capa da revista Proteste nº 338, de Setembro de 2012

Na sua edição nº 338, de Setembro de 2012, a revista Proteste publica um artigo “Bullying – Tolerância Zero”, relativo a um estudo que levado a efeito com o objetivo de “caraterizar o bullying na escola (através de adultos, sobre a experiência no passado) e nos contextos de trabalho (mobbing) e internet (cyberbullying). O questionário foi enviado a Novembro de 2011 “a uma amostra representativa da população portuguesa, entre os 18 e os 64 anos” dos quais se obtiveram 1240 questionários válidos.

 

Relativamente ao cyberbullying, o artigo fornece alguns números e informações interessantes. Segundo o estudo da DECO/Proteste, “nos últimos 12 meses, os números variam entre 5 a 10 por cento.”

 

Relativamente à forma de que se reveste o cyberbullying, o artigo acrescenta que, “regra geral, a estratégia dos agressores é escrever frases replicadas em redes sociais (…) ou mensagens de remetentes desconhecidos, com a intenção de intimidar o ‘alvo’, e provocam medo, preocupação e desconforto”.

 

Sobre a forma como as vítimas tentam enfrentar o cyberbullying, o artigo refere, que “bloquear o ‘provocador’ da conta de e-mail, do blog ou do sítio na Net é a medida mais recorrente (39%)”, acrescentando que “também há quem não faça nada (21%), informe a polícia (10%), mude a palavra-chave ou endereço de e-mail (9%) ou deixe de visitar o sítio na Net ou o blog (só 1 por cento)”.

 

À semelhança do que é indicado por outros estudos, por vezes, os agressores também já foram vítimas. “Alguns inquiridos reconheceram ter enviado mensagens para enfurecer ou gozar com alguém ou escrever um ‘post’ no Facebook ou outras redes com esse objetivo.” O artigo acrescenta ainda que “cerca de 43% baseiam esta atitude no facto de não gostarem de fornecer dados completos na Net e 17% por puro divertimento.” A concluir, o artigo refere que “quase 9% referem não ter pensado nas consequências destas atitudes, explicando o comportamento com base no puro divertimento (17%), por imitação (7%) ou por ciúmes (8 por cento).”

 

No artigo “Bullying, Cyberbullying e Mobbing abordo outros resultados deste inquérito que atestam a importância de estudantes, pais e encarregados de educação, educadores e professores e restante comunidade educativa participarem, preenchendo ou divulgando o inquérito que o Projecto MiudosSegurosNa.Net se encontra a promover: “Como as Escolas Lidam Com o Bullying, Cyberbullying e Outros Comportamentos Anti-Sociais”.

 

Agradeço-lhe desde já a sua colaboração, divulgando ou preenchendo este inquérito destinado a saber como as escolas obtêm, registam e gerem queixas de alunos, pais, professores e pessoal escolar, relativamente ao bullying, cyberbullying e outros comportamentos anti-sociais.