Crianças, Fast Food e Internet
No passado dia 18 de Julho, sob o título, "Fast food brands hit kids online" a BBC parece dar-me razão. Segundo a BBC, estudos sugerem que as marcas de fast food - comida rápida ou comida de plástico, como preferirem - estão a contornar as leis que banem a promoção online de snacks não saudáveis. Segundo a BBC, as novas regras da Advertising Standards Authority proibem a publicidade - online ou offline - de alimentos fast food dirigida a crianças. No entanto, segundo a BBC, a publicação do sector - a New Media Age - alerta para o facto da publicidade das marcas de fast food visarem directamente as crianças nos seus sites, seja através de jogos, vídeos ou cartoons. A New Media Age acusa marcas tais como a McDonalds, Hubba Bubba, Kinder e Haribo de explorarem uma lacuna legal nas regras definidas pela Advertising Standards Authority.
Segundo declarações de Nic Howell, editor-chefe da New Media Age, à BBC, "as marcas podem estar a apegar-se à letra da lei, mas estão claramente a quebrar o espírito do código mais recente do Committee on Advertising Practice". Ainda segundo este responsável, "aparentemente alguns na indústria vão continuar a lutar até ao fim pelo seu direito à publicidade dirigida a crianças", quando tal já não é uma questão no que toca à televisão e aos média impressos.
Uma porta-voz da McDonalds no Reino Unido referiu à BBC: "nós afirmamos claramente no nosso website que menores de 16 anos devem pedir permissão a um adulto antes de entrar no Kids Zone. Todavia, o ênfase de cada jogo é no divertimento em si em vez da escolha de menus que oferecemos". Por outro lado a Hariboo afirmou à BBC que se preocupou em "garantir que todo o seu marketing é conduzido de uma forma responsável", acrescentando que "nunca posicionamos os doces como algo mais que uma guloseima para ser consumida moderadamente como parte de uma dieta saudável".
A peça da BBC refere ainda um estudo efectuado junto de 3.000 crianças promovido pela Intuitive Media, segundo o qual 43% dos inquiridos afirmou ser mais provável comer um alimento ou um snack se o vissem anunciado online e 61% afirmou ter visitado sites de marcas de produtos alimentares. A BBC refere ainda que Robert Hart, Director Geral da Intuitive Media, pensa que os sites precisam de respeitar o Committee on Advertising Practice. "Apesar destas empresas poderem afirmar que os seus sites constituem conteúdos editoriais e não tanto comunicações de marketing, o facto das crianças serem mais propensas a consumir estes alimentos depois de os verem online faz com que esta linha divisória seja, no mínimo ambígua", acrescentou este responsável à BBC, apelando ainda à Advertising Standards Authority para que elimine esta lacuna que permite às marcas publicarem nos seus sites conteúdos editoriais que exploram esta lacuna. Por seu lado, a Advertising Standards Authority afirmou à BBC que compete à indústria chegar a acordo sobre um mecanismo para regular os conteúdos online.
Enquanto lia esta peça no site da BBC, recordei-me de algum debate que se fez sobre este tema em Portugal por ocasião do Código de Boas Práticas na Comunicação Comercial para Menores promovido em finais de 2005 pela APAN (Associação Portuguesa de Anunciantes) e que infelizmente já não se encontra disponível no respectivo website. No entanto, é ainda possível, consultar alguma da informação disponibilizada aos associados, a lista das entidades subscritoras e o discurso que, na circunstância, foi feito pelo Presidente da Direcção da APAN, Dr. Victor Centeno. Fica por fazer a análise comparativa entre os código britânico e português e o estudo dos índices de cumprimento dos sites dos subscritores do Código da APAN.
A terminar, seria também interessante, ter a perspectiva de entidades envolvidas neste tema, nomeadamente:
- Centro de Investigação Obesidade Online
- Adexo - Associação de Doentes Obesos e ex- Obesos de Portugal
- Associação Portuguesa de Dietistas