No passado dia 15 de Agosto, a National Cyber Security Alliance (NCSA), com o apoio de empresas tais como a Computer Associates, McAfee, Microsoft e Symantec, assim como organizações educativas tais como o Consortium of School Networking e a State Education Technology Directors Association, apelou aos líderes estatais dos Estados Unidos da América para colaborarem com os líderes educacionais a nível estatal de forma a garantirem que todas as salas de aula passassem a integrar lições sobre ciber segurança e ciber ética.
No Estados Unidos, o "No Child Left Behind Act" exige que os estudantes sejam tecnologicamente literados ao completarem o 8º ano. Segundo um comunicado de impresa da NCSA, a National School Boards Association revelou que 96% dos distritos escolares afirmam que pelo menos alguns dos seus professores marcam trabalhos de casa que exigem a utilização da Internet. No entanto, ainda não existe educação formal sobre como utilizar a Internet de uma forma ética e segura.
Apesar do que é afirmado no comunicado, são várias as organizações não-governamentais norte-americanas, algumas delas socorrendo-se de fundos e apoios estatais, que desenvolveram e disponibilizam curriculuns escolares sobre estes temas cuja utilização é feita de forma gratuita e voluntária desde finais da década de 90/inícios deste século. A este nível, o Estado da Virgínia foi inovador, tendo sido o primeiro estado norte-americano a tornar obrigatória a inclusão destas matérias nos curriculuns escolares tendo, para o efeito produzido legislação específica que complementava outra legislação anterior que já obrigava as escolas a adoptarem Políticas de Utilização Aceitável.
Segundo o comunicado da NCSA, as aptidões no domínio da utilização da Internet são indispensáveis aos estudantes do século XXI, mas a Internet, tal como o mundo real, pode expô-los a perigos e ameaças com os quais se podem confrontar no decorrer de um dia normal. Entre estes, contam-se contactos por parte de ladrões de identidade, predadores sexuais e cyberbullies. Ainda segundo este comunicado da NCSA, um estudo recente da Universidade do Michigan sobre questões de saúde das crianças (Maio de 2007), os adultos classificaram a "segurança na Internet" como o 7º problema mais importante a afectar os seus filhos, com 1 em cada quatro adultos a classificarem este tema como "grande problema".
"À medida que mais e mais crianças e adolescentes crescem no mundo online, é importante que percebam como se devem comportar online e que a sua segurança depende de falarem ou não com estranhos, coloque ou não informação pessoal em sites de redes sociais ou protejam os seus computadores familiares, afirmou Ron Teixeira, Director Executivo da NCSA. "É crítico que os Estados e as escolas integrem lições sobre segurança Internet, ciber ética e ciber segurança nos esforços educacionais actuais no domínio da literacia tecnológica de forma a proteger as crianças do risco de roubo de identidade, mas também para proteger a infraestrutura online da nação".
Para garantir que as crianças recebam um ciber educação exaustiva que as ajude a evitar a maioria das ameaças com que se defrontam online, os programas de ciber sensibilização devem incorporar o que a NCSA denominou C3 framework (cyber ethics, cyber safety e cyber security). Não o fazer poderá criar nos alunos um falso sentido de segurança. Os princípios do framework C3 fornecem uma abordagem equilibrada que fornecem aos estudantes conhecimentos práticos e as aptidões necessárias para evitar predadores sexuais, ataques de phishing, cyberbullies, ladrões de identidade e outros perigos na Internet. De uma forma genérica, estes são os princípios orientadores do C3 framework:
-
Cyber Ethics: estas lições ensinam que o hacking de computadores e a obtenção ilícita de informação é tão errado quanto assaltar a casa de alguém. O cyberbullying é tão errado como o bullying nos recreios escolares. Regras e códigos de comportamento aceitáveis devem ser estabelecidos no mundo virtual, tal como o são no mundo real.
-
Cyber Safety: estas lições incorporam muitas dicas de comportamento social que visam proteger as crianças de perigos online tais como evitar cyber predadores, assédio e contactos indesejáveis de cyberbullies. Também incorporam dicas que ajudam os alunos a reconhecer se se envolveram em situações perigosas e a responder às mesmas com eficácia quando estão online, incluindo quando e como denunciar as ameaças com que se podem confrontar online.
-
Cyber Security: estas lições fornecem aos estudantes informação sobre como salvaguardar os seus computadores, identidades e informação financeira. Outras lições incluem a necessidade de utilização de palavras-chave fortes, efeitos de vírus, características do correio electrónico não solicitado e os perigos de responder a esquemas de phishing e de pharming.
Segundo a NCSA, não só as aulas de ciber sensibilização ensinam às crianças formas delas próprias se protegerem de ciber criminosos, como também é necessário ajudar os estudantes a lidar com o assédio e o cyberbullying de outras crianças. É que de acordo com um estudo realizado em 2006 pelo National Center for Missing and Exploited Children e pela University de New Hampshire, o assédio online aumentou mais de 50% entre o ano 2000 e o ano 2006 e 44% dessas comunicações de assédio foram provenientes dos pares das vítimas. Acresce que, de acordo com um estudo recente do Pew Internet & American Life Project, "um terço de todos os adolescentes que usam a Internet já foram vítimas de cyberbullying".
"Se está a ensinar uma criança a andar de bicicleta, o seu trabalho não termina enquanto a criança não for capaz de o fazer de uma forma segura e responsável", afirmou Nancy Willard, Directora do Center for Safe and Responsible Internet Use e autora do livro Cyber-Safe Kids, Cyber-Savvy Teens. "É bastante claro que precisamos de tratar estes temas. A abordagem proposta pela NCSA fornece um excelente modelo para os líderes estatais seguirem na criação de um estrutura exasutiva de planeamento e implementação que atrairá as partes necessárias para a mesa, de forma a assegurar uma instrução eficaz e abrangente".
São já muitas as empresas e as organizações que apoiam ou participam no desenvolvimento da abordagem ciber educacional da NCSA e a todas as organizações interessadas em apoiar o C3 Framework da NCSA aconselha-se a leitura deste whitepaper para mais informações.
Eis uma iniciativa que seria da maior importância ser adoptada em Portugal no âmbito do Plano Tecnológico da Educação.