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Miúdos Seguros Na Net - Promover a Segurança de Crianças e Jovens na Internet

Minimizar Riscos, Maximizar Benefícios.

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Minimizar Riscos, Maximizar Benefícios.

EuKidsOnline: Em Portugal, Balança Pende Para os Riscos

Tito de Morais, 16.10.11

Na sequência da mensagem anterior, com esta mensagem continuo a analisar as referências relativas a Portugal contidas no relatório final do projecto EuKidsOnline II.

 

Imagem: Gráfico 'Equilíbrio entre as coisas 'boas' e 'más' online'

Como o gráfico ilustra, riscos e oportunidades andam de mão dada. Mas existem diferenças significativas de país para país relativamente à percepção das crianças/jovens. Nesse sentido, o relatório agrupou os países em quatro grupos distintos:

 

 

  • Balança Pende Para as Coisas Boas - países onde as crianças/jovens referem ser “muito verdade” existirem coisas boas online para as crianças/jovens da sua idade e onde respondem “sim” à pergunta “achas que há coisas na Internet que de alguma forma podem incomodar as pessoas da tua idade?”. Neste grupo (quadrante superior esquerdo do gráfico) incluem-se países como a Bulgária, Reino Unido e Áustria, entre outros
  • Balança Pende Para as Coisas Más – Noutros países - no qual se inclui Portugal, mas sobretudo a Grécia e a República Checa, entre outros - as crianças/jovens referem muitas coisas boas para se fazerem online, mas também alguns problemas (quadrante superior direito).
  • Poucas Coisas Boas e Muitas Coisas Más – Neste grupo de países, em que se incluem a Noruega, Suécia e Espanha, entre outros, as crianças/jovens acham que existem alguns problemas e não existem tantos benefícios (quadrante inferior direito).
  • Poucas Coisas Boas e Poucas Coisas Más – Neste último grupo de países, em que se incluem a Turquia e Bélgica, entre outros, as crianças/jovens referem relativamente poucos benefícios ou riscos resultantes da utilização da Internet (quadrante inferior esquerdo). 

A este nível, apesar tudo ainda ficamos bem na fotografia. No entanto, o gráfico mostra o trabalho que temos pela frente no sentido de nos aproximarmos da Letónia e da Grécia ao nível da maximização das oportunidades e da Turquia e da Bélgica ao nível da minimização dos riscos.

 

Veja aqui os restantes itens analisados:

Vídeos, Anorexia e Internet

Tito de Morais, 14.08.07

Imagem representativa da anorexiaApanhei a notícia através do Portugal Diário que lhe deu destaque sob o título "Vídeos na net promovem anorexia". Organizações não governamentais do Reino Unido no domínio dos distúrbios alimentares apelaram a implementação de controlos mais rígidos depois de detectarem que sites populares de redes sociais tais como o MySpace, YouTube e Facebook estavam a ser usados para promover a anorexia. Ora a notícia do Portugal Diário foca-se quase exclusivamente na questão dos vídeos do YouTube, o que poderá justificar (?) as declarações - no meu ponto de vista algo ligeiras - da responsável da Associação Familiares e Amigos dos Anorécticos e Bolímicos (AFAAB). Por esta razão parece-me relevante aprofundar a notícia seguindo as fontes originais.

 

Segundo a notícia "Social websites like MySpace encourage anorexia, warn charities" do Daily Mail, estes sites estão a ser usados por raparigas anoréticas para se encorajarem mutuamente e promoverem uma "moda" bizarra que se refere a um papel modelo usado por pessoas (geralmente com distúrbios alimentares) para se inspirarem a perder peso, e que é mais comum na comunidade pró-anorexia. Em resultado disso, centenas de milhar de vídeos chocantes exibindo imagens de mulheres extremamente magras têm sido colocadas e vistos por adolescentes YouTube, um site de partilha de vídeos muito popular.

 

Segundo estas organizações não governamentais, os jovens estão também a tirar partido da popularidade das redes sociais como o Facebook para encorajarem outros jovens a não se alimentarem e para trocarem dicas sobre pílulas de emagrecimento. Alguns destes grupos no Facebook e no MySpace tem já um milhar de membros e usam como slogan frases como "Não se destina a pessoas que tentam recuperar. Isso estraga a nossa motivação".

 

As organizações referidas no início da notícia apelaram a este tipo para que monitorizem mais de perto e a controlarem este tipo de conteúdos, alegando que este tipo de vídeos e de informação não ajudam a promover a saúde e não ajudam as pessoas que procuram recuperar de distúrbios alimentares.

 

Segundo Susan Ringwood, uma da maior organização do Reino Unido neste domínio, "os distúrbios alimentares são uma doença mental séria, não uma moda, uma fase ou um acessório de moda. Também não são um estilo de vida e tudo o que possa enganar ou tentar persuadir um jovem vulnerável sobre isto, é potencialmente muito danoso". Esta responsável acrescentou ainda que "quanto mais cedo alguém obtiver a ajuda de que necessita, maior a probabilidade de se recuperarem totalmente". No entanto, alguns movimentos pro-anorexia procuram deliberadamente encorajar as pessoas a evitar o tratamento". Segundo esta reponsável, a sua organização procura "mudar a forma segundo a qual pensamos e falamos sobre os distúrbio alimentares e isso significa mostrar que podemos fornecer a aceitação e a compreensão, para que os grupos pro-anorexia não se tornem no único refúgio existente".

 

Na sua notícia "Social network sites are urged to ban ‘hardcore’ anorexia videos", o Times Online, fonte da notícia do Portugal Diário, inclui ainda dois depoimentos interessantes para percebermos este fenómeno: Um, de uma rapariga de 16 anos, que refere ter começado a ver regularmente este tipo de vídeos há cerca de uma ano; o outro, de uma jovem de 22 anos, que produz este tipo de vídeos.

 

Os sites pro-anorexia, onde adolescentes trocavam dicas e vêem vídeos como os referidos com imagens de raparigas extremamente magras, sempre existiram. No entanto, eram difíceis de encontrar e as pessoas que os frequentavam permaneciam anónimas. A preocupação desta tendência, e que me pareceu escapar à responsável da AFAAB, é que começam a surgir em sites populares alcançando uma audiência de dezenas de milhar de pessoas. A solução também não me parece que seja o banir este tipo de conteúdos como alegadamente pretendem os grupos anti-anorexia. A solução também não me parece que passe pela promoção de vídeos contrário a esta tendência começa a acontecer, até porque geralmente são produzidos por cidadãos que poderão não estar devidamente preparados para tratar estes assuntos. No meu ponto de vista, a solução poderá estar nas declarações de um porta-voz do MySpace: " Em vez de censurar estes grupos, estamos a trabalhar no sentido de criar parcerias com organizações que fornecem recursos e conselhos para pessoas que sofrem deste tipo de problemas e iremos visar estes grupos com mensagens de apoio". Mas conhecendo o ritmo de crescimentos das redes sociais, é bom que essas parcerias se façam depressa.

Redes Sociais Infantis

Tito de Morais, 06.08.07

Imagem do Club PenguinNo artigo "Amigos" e Redes Sociais, referi as principais redes sociais acedidas a partir de Portugal. Geralmente, nas suas Condições de Utilização, estas referem que a sua utilização só é permitida a utilizadores maiores de 13 ou 15 anos. As grandes marcas e empresas no domínio dos média, apercebendo-se do grande impacto das redes sociais nos adolescentes apressaram-se a adquirir as principais. Apercebendo-se desse impacto, começaram também a proliferar as redes sociais para crianças, isto é, destinadas especificamente a crianças e pré-adolescentes. Daí que não seja de estranhar a notícia, destes primeiros dias de Agosto, da aquisição do Club Penguin pela Disney.

 

Mas o que é o Club Penguin? Lançado em Outubro de 2005, o Club Penguin destina-se a crianças e pré-adolescentes, permitindo aos visitantes do site adoptar, dar o nome, alimentar e vestir pinguins virtuais, conversar e jogar com outros utilizadores.

 

O Semanário Sol, entre outros, noticiou a aquisição. Mas com uma "ligeira" incorrecção. O Sol refere que a Disney deu 350 mil dólares pelo Club Penguin, podendo este montante vir a atingir os 700 mil dólares caso a empresa atinja os seus objectivos. Pois... não são 350 mil dólares... são "apenas" 350 MILHÕES de dólares, podendo o negócio vir a atingir os 700 MILHÕES de dólares, como noticia o Los Angeles Times (Disney buying Club Penguin website).

 

Os números acima referidos dão-nos uma ideia da importância atribuída a este novo mercado pelas principais empresas de média. Mas eis mais alguns números referidos pelo LA Times que nos ajudam a ter uma ideia da dimensão do Club Penguin:

  • 700.000 assinantes (assinaturas pagas)
  • 12 milhões de utilizadores registados, a maioria nos EUA e no Canadá.

Para um site lançado há menos de 2 anos, é obra!

 

Mas o Club Penguin não é o único player neste mercado. Izzy Neis, uma aficionada da cultura popular (especialmente no domínio do entretenimento para crianças), refere cerca de 3 dezenas no seu blogue, no artigo "Worthy Tween/Kid Communities". Neste, alguns utilizadores acrescentam ainda mais alguns nos comentários. Dos sites acima referidos como recomendados para crianças e pré-adolescentes (até aos 13 anos), apenas os seguintes apresentam versões em língua portuguesa:

Dada a escassez, suspeito não demorará muito tempo até surgirem projectos neste domínio em língua portuguesa.

 

Verificando a lista acima referida, provavelmente aperceber-se-á que alguns daqueles que os seus miúdos usam não figura na listagem, nomeadamente o Habbo. Se o site que os seus miúdos usam não se encontra nesta listagem, provavelmente estará numa outra onde são referidos sites que, aparentando visualmente ser para crianças e pré-adolescentes, na realidade se destinam a utilizadores com mais de 13/14 ou 15 anos. Pode ver informação sobre estes últimos no artigo "Communities NOT for Kids/Tweens".

 

Segundo Izzi Neis, a ideia da criação desta segunda listagem - de sites que não se destinam a utilizadores menores de 14 anos - surgiu-lhe ao constatar que muitos pais não faziam a mínima ideia que alguns destes sites, de aparência visual infantil ou juvenil, não se destinam na realidade a crianças ou pré-adolescentes. Izzi acrescenta ainda que, apesar de genuinamente gostar da maioria destes sites, sentiu que devia fazer o alerta pois eles NÃO SE DESTINAM A PESSOAS COM MENOS DE 13 ANOS DE IDADE (e por vezes até 14/15 anos de idade). E como conclui Izzi Neis, é sempre boa ideia dar uma vista de olhos às políticas de privacidade dos sites para obter informação relativamente a limites de idade.

"Amigos" e Redes Sociais

Tito de Morais, 23.07.07

Durante o primeiro semestre de 2007, 2 344 mil (2,3 milhões) residentes em Portugal Continental, com 4 e mais anos de idade, visitaram sites de redes sociais enquanto navegavam na Internet a partir de casa. Estes números, revelados por um estudo NetPanel da Marktest divulgados no passado dia 17 de Julho, corresponde a 77,6% dos utilizadores da Internet nesse período.

 

Ainda segundo este estudo, este número de utilizadores corresponde a mais de mil milhões de páginas vistas (uma média de 465 páginas por utilizador) e a mais de 7,5 milhões de horas dedicadas a sites de redes sociais (uma média de 3 horas e 14 minutos por utilizador). Ainda segundo o estudo, o sexo feminino lidera os acessos a este tipo de sites entre as 11:00 e as

23:00h., sendo que o sexo masculino apresenta uma taxa superior de acesso após as 23:00h e durante a madrugada.

 

Logotipo do hi5Entre os diversos sites de redes sociais, como era de esperar, o hi5 lidera destacadamente em toda a linha, seja no número de utilizadores únicos, páginas vistas ou tempo de permanência no site. De facto, segundo o estudo, 2.015 milhões de utilizadores visionaram 637 milhões de páginas no hi5, tendo dedicado 4,9 milhões de horas a esta rede social. Segundo o site do Hi5, este conta com mais de 100 milhões de utilizadores registados, atrai mais de 25 milhões de utilizadores únicos por mês e, segundo o Alexa Traffic Rankings, é o 11º site com mais tráfego da web.

 

Logotipo do NetlogA seguir ao hi5, a rede social mais popular em Portugal parece-me ser o Netlog, anteriormente conhecido por Facebox, cuja versão portuguesa registou:

  • 540 mil utilizadores únicos (4º lugar)
  • 124 milhões de páginas visionadas
  • 737 mil horas de navegação

O Netlog, tal como todos os restantes é batido pelo hi5 em toda a linha. No entanto, fica em segundo lugar em número de páginas visionadas e em horas de navegação, sendo apenas batido pelo Spaces e pelo MySpace em termos de utilizadores únicos. Segundo o site do Netlog, este conta com mais de 17 milhões de jovens na Europa e todos os meses mais de 2 biliões de páginas deste site são visitadas. Segundo o Alexa Traffic Rankings, o Netlog.Com é o 95º site com mais tráfego da web.

 

Em termos de páginas vistas e de número de horas dispendidas no site, o Orkut e o Fotolog disputam entre si o terceiro lugar. De facto, o Orkut é terceiro em termos de páginas vistas, com cerca de 110 milhões e é quarto em termos de horas, com pouco mais de 401 milhões de horas gastas no site.

Logotipo do FotologCom o Fotolog, a situação inverte-se. Esta rede social, é terceira com cerca de 628 mil horas de navegação e quarta em termos de páginas vistas, com pouco mais de 100 milhões de páginas vistas. Segundo o Alexa Traffic Rankings, o Orkut é o 8º site com mais tráfego da web e o Fotolog é o 21º.

 

Por fim, populares em termos do número de utilizadores únicos, mas não tanto em termos de páginas vistas e horas de navegação, figuram o Windows Live Spaces, o MySpace e o Tagged, com 993, 571 e 534 mil utilizadores únicos, respectivamente. De acordo com a classificação do Alexa Traffic Rankings, o MySpace é o 6º site com mais tráfego da web.

 

Tabela da divisão da audiência do hi5, segundos os sexos e a idadeEstes dados demonstram a importância crescente que as redes sociais têm assumido nas preferências em termos de sites visitados pelos utilizadores da Internet, não só em Portugal, mas em todo o mundo. Da minha experiência, sobretudo pelos utilizadores mais jovens. De facto, segundo dados do hi5, 25% dos seus membros têm entre 13 e 17 anos. Daí a importância de pais e educadores se familiarizarem com este tipo de sites, de forma a poderem partilhar das experiências online dos seus filhos, alunos e educandos. Aproveito para alertar que, apesar de muitas destas redes sociais apenas permitirem o registo a maiores de 13 ou de 15 anos, muitos jovens abaixo destas idades encontram-se registados, já que é fácil indicar uma outra data de nascimento para se poder fazer parte da rede. 

 

Se ainda não conhece este tipo de sites, é altura de passar a conhecê-los. Descubra-os. Os melhores guias serão, provavelmente, os seus filhos, alunos ou educandos. Pergunte-lhes se conhecem. De quais fazem parte. Que funcionalidades têm esses sites. O que se faz por lá. E porque não, peça ajuda aos seus filhos para lhe darem uma ajuda a aderir. Esta será a melhor forma de ficar a conhecer as coisas por dentro.

 

Ao nível dos riscos associados à utilização deste tipo de sites e dos cuidados a ter, já tenho escrito alguns artigos que podem ajudar à conversa com os seus filhos, alunos ou educandos:

Do comunicado de imprensa da Marktest, discordo no entanto do título: "2,3 milhões fazem amigos na net". Daí ter adoptado "amigos" no título deste post e por isso mesmo em tempos escrevi o artigo "Pirâmides de Confiança", cuja leitura também recomendo.

 

Os sites acima são apenas alguns dos sites das muitas redes sociais existentes. De facto, os seus filhos poderão não ser membros de nenhum dos citados, mas terem aderidos a outros tais como o Bebo, Facebook, Friendster e Xanga. Isto para só citar alguns da cerca de uma centena referenciados na Wikipedia (em inglês) e outros tantos na versão portuguesa onde abundam as redes sociais brasileiras, também muito populares em Portugal. E para não falar nos nacionais, nomeadamente, o Mingle, o NetJovens, o PortugalNet e aquele que, segundo se fala, o Sapo irá lançar brevemente.

 

A terminar, não deixe de integrar na sua conversa uma visita às páginas de segurança destes sites que, invariavelmente contêm alguns conselhos para jovens e para os respectivos pais. Aqui ficam os links para os principais: