Segurança & Redes Sociais
No artigo "Amigos e Redes Sociais" já me referi à dimensão em Portugal das redes sociais como o hi5, Netlog, Orkut, etc. Por exemplo, segundo a ENISA (European Network and Information Security Agency), o MySpace afirmou ter atingido os 100 milhões de utilizadores em Agosto do ano passado. Daí que, se dificilmente se percebe porque as redes sociais estiveram ausentes do estudo referido no artigo anterior, por outro lado facilmente se percebe que a ENISA tenha recentemente desenvolvido um workshop onde colocou a questão: "quão seguras são as redes sociais?"
Segundo a ENISA, os especialistas referem que existem muitas razões para nos preocuparmos; dos worms especializados na sua propagação através de perfis em redes sociais até ao roubo de identidade, passando pela extorsão, phishing e até pelo recrutamento de terroristas, as redes sociais têm de tudo. Mas a maior ameaça é à privacidade pessoal.
"Milhares de jovens estão a expôr os detalhes mais íntimos das suas vidas pessoais onde toda a gente os possa ver", refere Alain Esterle, Chefe do Departamento Técnico da ENISA. "Os sites da redes sociais criam a sensação de se estar entre amigos - mas muitas vezes um empregador potencial pode estar interessado no facto de uma dada pessoa ter sido detida ou nas drogas que consumio no dia anterior. Acresce que as novas tecnologias tais como o reconhecimento facial online e os arquivos Internet tornam difícil esconder ou remover tal informação uma vez que esta seja colocada online". A propósito destas afirmações recomendo a leitura do artigo "Redes Sociais: Diferenças Entre o Real e o Virtual".
O sentido de intimidade acima referido tem sido explorado por anunciantes com perfis falsos para vender bens, por predadores sexuais de crianças que se infiltram em redes mediante a utilização de perfis falsos e até por organizações terroristas para encontrar recrutas num dado grupo social. Acções de cyberbullying que se caracterizam pela intimidação de alunos de escolas ou assédio a professores através de redes sociais também têm atraído muita atenção. Josie Frasier da Childnet, no Reino Unido, explicou que muitas crianças não denunciam acções de cyberbullying por sentirem que os seus professores não compreendem as redes sociais.
Mas nem tudo são más notícias. Segundo Lien Louwagie da Netlog, uma rede social belga com mais de 25 milhões de utilizadores e uma das mais populares em Portugal, "não permitimos que os nossos utilizadores revelem dados pessoais tais como códigos postais", acrescentando que "aqueles que o fazem serão banidos". Este responsável acrescentou ainda que "a Netlog coloca botões de denúncia de abusos em quase todo o lado, pois levamos estes problemas a sério". Por outro lado, segundo Maz Nadjm da Rareface, um empresa de redes sociais baseada em Londres, "a utilização criteriosa de ferramentas de moderação podem ajudar muito". Segundo Alessandro Acquisti, da Universidade de Carnegie Mellon, o seu estudo "Awareness is Key" revelou que os utilizadores se tornavam mais cuidadosos após responderem a um questionário sobre privacidade no Facebook. "O simples facto de responderem a perguntas sobre a sua privacidade tornou-os mais cuidadosos". Este comentário é extremamente interessante, constituindo como que só por si, uma importante razão para a realização de estudos neste domínio.
Segundo o comunicado de imprensa da ENISA, esta tomará uma posição sobre as redes sociais através da publicação de um documento oficial em Outubro de 2007. "O objectivo é beneficiar os utilizadores e os fornecedores de serviços de redes sociais sociais, encorajando um ambiente mais seguro em sites de redes sociais", afirmou Andrea Pirotti, Director Executivo da ENISA. Entretanto, poderá aceder às apresentações e whitepapers relativos a este workshop a partir desta página ou, alternativamente, poderá consultar o documento que resume as apresentações e as mesas redondas (PDF - 56KB).