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Miúdos Seguros Na Net - Promover a Segurança de Crianças e Jovens na Internet

Minimizar Riscos, Maximizar Benefícios.

Miúdos Seguros Na Net - Promover a Segurança de Crianças e Jovens na Internet

Minimizar Riscos, Maximizar Benefícios.

Segurança & Redes Sociais

Tito de Morais, 18.08.07

Logotipo da ENISA - European Network and Information Security AgencyNo artigo "Amigos e Redes Sociais" já me referi à dimensão em Portugal das redes sociais como o hi5, Netlog, Orkut, etc. Por exemplo, segundo a ENISA (European Network and Information Security Agency), o MySpace afirmou ter atingido os 100 milhões de utilizadores em Agosto do ano passado. Daí que, se dificilmente se percebe porque as redes sociais estiveram ausentes do estudo referido no artigo anterior, por outro lado facilmente se percebe que a ENISA tenha recentemente desenvolvido um workshop onde colocou a questão: "quão seguras são as redes sociais?"

 

Segundo a ENISA, os especialistas referem que existem muitas razões para nos preocuparmos; dos worms especializados na sua propagação através de perfis em redes sociais até ao roubo de identidade, passando pela extorsão, phishing e até pelo recrutamento de terroristas, as redes sociais têm de tudo. Mas a maior ameaça é à privacidade pessoal.

 

"Milhares de jovens estão a expôr os detalhes mais íntimos das suas vidas pessoais onde toda a gente os possa ver", refere Alain Esterle, Chefe do Departamento Técnico da ENISA. "Os sites da redes sociais criam a sensação de se estar entre amigos -  mas muitas vezes um empregador potencial pode estar interessado no facto de uma dada pessoa ter sido detida ou nas drogas que consumio no dia anterior. Acresce que as novas tecnologias tais como o reconhecimento facial online e os arquivos Internet tornam difícil esconder ou remover tal informação uma vez que esta seja colocada online". A propósito destas afirmações recomendo a leitura do artigo "Redes Sociais: Diferenças Entre o Real e o Virtual".

 

O sentido de intimidade acima referido tem sido explorado por anunciantes com perfis falsos para vender bens, por predadores sexuais de crianças que se infiltram em redes mediante a utilização de perfis falsos e até por organizações terroristas para encontrar recrutas num dado grupo social. Acções de cyberbullying que se caracterizam pela intimidação de alunos de escolas ou assédio a professores através de redes sociais também têm atraído muita atenção. Josie Frasier da Childnet, no Reino Unido, explicou que muitas crianças não denunciam acções de cyberbullying por sentirem que os seus professores não compreendem as redes sociais.

 

Mas nem tudo são más notícias. Segundo Lien Louwagie da Netlog, uma rede social belga com mais de 25 milhões de utilizadores e uma das mais populares em Portugal, "não permitimos que os nossos utilizadores revelem dados pessoais tais como códigos postais", acrescentando que "aqueles que o fazem serão banidos". Este responsável acrescentou ainda que "a Netlog coloca botões de denúncia de abusos em quase todo o lado, pois levamos estes problemas a sério". Por outro lado, segundo Maz Nadjm da Rareface, um empresa de redes sociais baseada em Londres, "a utilização criteriosa de ferramentas de moderação podem ajudar muito". Segundo Alessandro Acquisti, da Universidade de Carnegie Mellon, o seu estudo "Awareness is Key" revelou que os utilizadores se tornavam mais cuidadosos após responderem a um questionário sobre privacidade no Facebook. "O simples facto de responderem a perguntas sobre a sua privacidade tornou-os mais cuidadosos". Este comentário é extremamente interessante, constituindo como que só por si, uma importante razão para a realização de estudos neste domínio.

 

Segundo o comunicado de imprensa da ENISA, esta tomará uma posição sobre as redes sociais através da publicação de um documento oficial em Outubro de 2007. "O objectivo é beneficiar os utilizadores e os fornecedores de serviços de redes sociais sociais, encorajando um ambiente mais seguro em sites de redes sociais", afirmou Andrea Pirotti, Director Executivo da ENISA. Entretanto, poderá aceder às apresentações e whitepapers relativos a este workshop a partir desta página ou, alternativamente, poderá consultar o documento que resume as apresentações e as mesas redondas (PDF - 56KB).

Internet Segura Para Crianças

Tito de Morais, 18.08.07

Símbolo do EurobarómetroNa passada sexta-feira, 10 de Agosto, foram divulgados os resultados do estudo "Eurobarometer on Safer Internet for Children:  qualitative study 2007". Este é um estudo qualitativo pan-europeu, cobrindo 29 países europeus (27 da UE, Islândia e Noruega), resultante de entrevistas extensas a grupos de crianças de 9-10 anos e 12-14 anos sobre o uso de tecnologias online tais como a Internet e os telemóveis, assim como sobre como percepcionam e lidam com os riscos associados à utilização das mesmas.

 

O estudo, encomendado pelo Direcção-Geral da Sociedade de Informação e Média da União Europeia, foi levado a cabo pela OPTEM e pelos seus parceiros europeus. Os objectivos deste estudo foram os de melhorar o conhecimento sobre:

  • A utilização da Internet e dos telemóveis por crianças
  • Os seus comportamentos online
  • As suas percepções dos riscos e de questões relacionadas com a segurança

Os resultados deste estudo serão usados como contributos para a construção do Programa Por Uma Internet Mais Segura e para aumentar o impacto de acções que visem aumentar a sensibilização para estes temas.

 

Tratando-se de um estudo qualitativo resultante de grupos de discussão, torna-se difícil - mas não impossível - estabelecer comparações entre os diversos países. À falta de estudos quantitativos semelhantes em Portugal, seria assim interessante o desenvolvimento de estudos futuros que permitissem uma comparação de resultados a nível europeu. Por outro lado, o número de participantes - em Portugal totalizaram 30 jovens entrevistados em Lisboa - aconselha prudência na extrapolação destes resultados para o todo nacional. Assim, estes resultados parecem-me apenas relevantes para os grupos de jovens inquiridos e para os fins enunciados acima.

 

Mas ainda assim, os resultados merecem uma leitura atenta, para se ficar com uma ideia da realidade portuguesa. Para além das ressalvas acima, um dos aspectos que me chamou à atenção foi a total ausência de referências às redes sociais. Um dos aspectos curiosos dos resultados tem a ver com as diferenças ao nível da utilização entre rapazes e raparigas e o facto destas referirem espontâneamente mais problemas e riscos. Outro aspecto que me surpreendeu foi o facto dos jovens referirem a utilização de fontes múltiplas de informação e não apenas da Internet, como forma de se assegurarem da fiabilidade da informação. Este aspecto surpreende-me porque outros estudos - não relativos à realidade portuguesa, porque são inexistentes - indicam exactamente o contrário, e o contrário é também a percepção que tenho de conversas com jovens, pais e professores. Este aspecto, associado ao facto do estudo referir que os jovens portugueses estão cientes dos riscos e que estes são de conhecimento generalizado por parte de pais e professores, levam-me a questionar se os jovens inquiridos não "padecerão" daquilo a que chamo a "síndroma do Homem-Aranha", isto é, acham que dominam as teias da rede e que são imunes aos riscos. Essas coisas só acontecem aos outros. Mas da minha experiência, quando confrontados com situações concretas, percebem que afinal são tão vulenráveis quanto os outros. A título de exemplo, fazem "downloads ilegais" porque julgam que ficam escondidos pelo anonimato, mas ficam surpreendidos quando se lhes diz que ao fazerem-nos podem ser identificados através do seu endereço IP. Ao nível dos downloads o estudo vem demonstrar como a estratégia de combate aos "downloads ilegais" que tem sido seguida está errada. Torna-se demasiado evidente que a estratégia do "medo" não resulta e parece-me já ser tempo da indústria apostar na educação em torno das questões éticas associadas a este fenómeno. Ou seja, os aspectos relacionados com a propriedade intelectual, em detrimento dos aspectos criminais.

 

Quem tiver interesse em aprofundar o assunto, poderá aceder aos relatórios do estudo a partir desta página. Nesta página encontrarão o comunicado de imprensa, o relatório geral e os relatórios específicos relativos a cada um dos países.

Ligados & Protegidos

Tito de Morais, 10.08.07

Imagem ilustrativa do "Norton Connected & Protected Town Hall"Curiosamente e na sequência do artigo anterior, foram hoje anunciados os resultados de um outro estudo também solicitado pela Symantec (desta feita pela casa-mãe, nos Estados Unidos) e conduzido pela Harris Interactive. O estudo, realizado em Junho deste ano, inquiriu pais, assim como crianças e jovens menores de 18 que acedem à Internet e revelou - como já vem sendo habitual em estudos que inclui pais e filhos - um significativo fosso digital os pais e os seus filhos ciber-conhecedores.

 

As crianças e jovens inquiridos - entre os 8 e os 17 anos de idade - admitiram dispender em média sete horas por semana online e quase uma quarto (23%), revelou fazer coisas online que os seus pais não aprovariam.

 

Apesar dos pais terem ainda muito que aprender sobre o que os seus filhos fazem online, a sua segurança destes na Internet é para eles um das principais preocupações. De facto, segundo o estudo, quase nove em cada 10 pais (88%) expressa preocupação sobre como manter os seus filhos em segurança na Internet e cerca de três em cada quatro preocupam-se especificamente com o facto dos seus filhos poderem ser abordados ou solicitados online com conteúdos impróprios. Neste mesmo estudo, os jovens revelaram ainda:

  • Vinte e três por cento revelou ter tido uma experiência com materiais impróprios através da Internet que os fizeram sentir desconfortáveis
  • Dezoito por cento teev uma experiência relacionada com cyberbullying ou ciber partidas (tais como receber mensagens, imagens ou vídeos cujo envio pretendia ser uma brincadeira ou partida)
  • Vinte e três por cento teve um encontro com um estranho na Internet, incluindo sete por cento que revelaram ter-se encontrado com alguém da Internet no mundo real
  • Vinte por cento desejam que os seus pais se interessassem mais pela utilização da Internet

Os resultados deste estudo foram usados como base do primeiro evento "Norton Connected & Protected Town Hall" que teve lugar no passado dia 2 de Agosto em Nova Iorque e no qual mais de 75 pais e jovens participaram em discussões interactivas sobre a segurança de crianças e jovens na Internet. O evento explorou a papel desempenhado pela Internet e por outra tecnologias nas vidas pessoais, da escola e das famílias, visando encorajar pais e filhos a manterem um diálogo aberto sobre ciber segurança e ciber ética.

 

Tal como já referi, no artigo anterior e pelas razões então apontadas, seria interessante que a Symantec fizesse estudos semelhantes em Portugal e que, à semelhança do que faz nos Estados Unidos e no Canadá com o Norton Connected & Protected Tour, apoiasse ou contribuisse para a dinamização de projectos que visam os objectivos comuns.

 

Mais informações sobre este estudo podem ser obtidos no aqui.

Canadá: Pais, Filhos e Internet

Tito de Morais, 09.08.07

Logotipo da Symantec CandáEm Maio/Junho deste ano, em nome da Symantec Canadá, a Ipsos Read inquiriu uma amostra representativa de 1093 adultos canadianos com filhos entre os 12 e os 17 anos com acesso à Internet a partir de casa. Eis alguns dos resultados:

  • Oito em dez pais canadianos (77%) com filhos entre os 12 e os 17 anos de idade preocupam-se que os seus filhos possam ter encontros online com predadores. Uma larga maioria (51%) indica estar "muito preocupado" e um quarto (26%) afirma estar algo preocupado.
  • Os pais canadianos também preocupam-se também que os seus filhos possam confrontar-se com sites pornográficos (74%), esquemas fraudulentos (70%), linguagem imprópria (68%) e cyberbullying (60%).

Numa tentativa de monitorizar o conteúdos dos sites visitados pelos seus filhos, cerca de dois terços (62%) afirma ter visitado os sites consultados pelos seus filhos. Dois terços (65%) afirmou verificar regularmente a função "histórico" do seu programa de navegação na web para ver que sites os seus filhos visitaram.

 

Aparentemente, a maioria dos pais canadianos (92%) senta-se com os seus filhos para conversar com eles sobre os perigos com que se podem confrontar na Internet. De facto, três quartos (74%) comunicou de forma clara aos seus filhos as actividades online que consideram aceitáveis e não aceitáveis. A mesma percentagem instruiu os seus filhos sobre o que fazer caso sejam contactados por estranhos através da Internet. Uma percentagem semelhante pergunta aos filhos com quem estão a conversar na Internet (77%) e 74% pergunta explicitamente aos seus filhos que sites visitam na Internet.

 

Questionados sobre os seus níveis de familiarização com alguns produtos/serviços online conhecidos e que os seus filhos poderão estar a usar, muitos pais canadianos afirmaram não estar familiarizados com estes produtos:

  • Apenas 11% não estava familiarizado com produtos de mensagens instantâneas
  • Um quarto (26%) não estava familiarizado com o YouTube, apesar da larga cobertura mediática de que este site tem sido alvo
  • Um terço dos pais com pelo menos um filho(a) com 12-17 anos não estava

    familiarizado com blogues (31%) e com o MySpace (32%)

  • Apesar da sua popularidade entre os jovens, quatro em dez pais canadianos (41%), não estava familiarizado com o Facebook

 

Na eventualidade dos seus filhos serem vítimas de uma experiência negativa na Internet, apenas metade (53%) afirma saber quem contactar nesta eventualidade. De facto, segundo este estudo, os pais canadianos parecem não saber onde obter um série de recursos para os ajudar a manter os seus filhos em segurança na Internet. Apenas seis em dez (58%), sabe onde obter software de controlo parental, enquanto apenas 54% afirma saber onde encontrar materiais que os ajudem a manterem-se informados - a si ou aos seus filhos - sobre as questões da segurança na Internet. Um quarto (22%) dos pais canadianos não sabe de todo onde encontrar estes materiais.

 

Tratando-se de uma empresa multinacional, com operações em diversos países e continentes, seria interessante a Symantec promover este estudo noutros mercados, nomeadamente em Portugal, onde também opera.

 

Mais informações sobre este estudo podem ser obtidos no site da Ipsos Read.