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Miúdos Seguros Na Net - Promover a Segurança de Crianças e Jovens na Internet

Minimizar Riscos, Maximizar Benefícios.

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Minimizar Riscos, Maximizar Benefícios.

EuKidsOnline: Perfis em Redes Sociais

Tito de Morais, 17.10.11
Image: Gráfico 'Uso de Redes Sociais por crianças, por pais e idade'

Na sequência da mensagem anterior, com esta mensagem continuo a analisar as referências relativas a Portugal contidas no relatório final do projecto EuKidsOnline II.

 

O projecto EuKidsOnline já havia publicado um documento específico relativo a participação das crianças e dos jovens em redes sociais. O documento está disponível online e merece ser cruzado com os dados deste relatório final.

 

Em Portugal, o Facebook é a rede social dominante entre as crianças e jovens com idades compreendidas entre os 9 e os 16 anos de idade. No entanto, enquanto 38% das crianças entre os 9 e os 12 anos têm um perfil numa rede social, essa percentagem aumenta para os 78% no jovens entre os 13 e os 16 anos de idade.

 

Imagem: Gráfico 'Equilíbrio no uso de redes sociais por crianças mais novas e mais velhas'

No que toca às crianças entre os 9 e os 12 anos com perfil em redes sociais, apenas 9 países apresentam percentagens inferiores à de Portugal. São eles Turquia (37%), Bulgária (36%), Irlanda (35%), Itália (34%), Grécia (33%), Roménia (29%), Espanha (28%), Alemanha (27%) e França (25%). Com percentagens mais elevadas encontram-se 15 países.

 

Tendo em linha de conta que, como referi no artigo “7 Redes Sociais Para Crianças”, a idade mínima para se usar o Facebook - e a maioria das redes sociais - é de 13 anos, não surpreende que recentemente o Jornal de Notícias tenha noticiado: “Pais Mentem na Idade dos Filhos no Facebook”.

 

No que toca aos jovens entre 13 e os 16 anos com perfil em redes sociais, 6 dos 9 países acima referidos apresentam percentagens inferiores à de Portugal. As excepções são França e  Irlanda (82%) e Espanha (81%).

 

Veja aqui os restantes itens analisados:

Investigação Sobre Redes Sociais

Tito de Morais, 12.10.11

Ontem recebi um email da Drª Teresa Paula Marques, psicóloga clínica, solicitando-me no sentido de a ajudar a divulgar entre os meus contactos, um questionário relacionado com o seu trabalho de doutoramento. Assim, decidi reproduzir o apelo abaixo.

 

Os sites de relacionamento social (SRS), como o Facebook, tornaram-se um hábito para os jovens. Muito se fala sobre os perigos que acarretam, mas pouco se sabe acerca dos benefícios que poderão trazer à nova geração.

 

Esta investigação, levada a cabo na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa,  tem como objectivo avaliar, quer os riscos, quer os benefícios da utilização dos sites de relacionamento social pelos jovens, quer em Portugal, quer no Brasil e nos Países de Língua Oficial Portuguesa  (Angola, Guiné, Moçambique, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e Timor).

 

Para que isso se torne possível, necessito da sua colaboração.

 

Caso autorize a participação do(s) seu(s) filho(s) no estudo, encaminhe-lhes este email com a indicação de que abra(m) o link e preencha(m) o questionário (demora 15 a 20 minutos).

 

Encaminhe, por favor, este email para os seus contactos (em Portugal, Brasil ou Palops), sobretudo para pais de jovens entre os 14 e os 17 anos ou directamente para jovens com idades entre os 18 e os 20 anos .

 

A sua ajuda é fundamental para que se possa estudar esta temática e, com base nos resultados, possamos criar programas de prevenção para os riscos e otimização dos benefícios.

 

Grata pela atenção,

 

Teresa Paula Marques

 

Link para o estudo: http://freeonlinesurveys.com/rendersurvey.asp?sid=du44nwgokns6uw7964626

 

A investigação científica ajuda-nos a conhecer os fenómenos e a definir estratégias para lidar com os mesmos. Colaborando com esta investigação estamos a dar o nosso contributo para melhor conhecermos a forma como os jovens usam as redes sociais.

 

Mito #3: Os menores de 13 anos não podem usar redes sociais, logo não nos preocupemos

Tito de Morais, 26.09.11
Imagem: Mito #3 - Fonte da imagem: http://sxc.hu/photo/696381

Na sequência da publicação anterior, este é o terceiro mito referido no relatório do projecto EuKidsOnline.

 

Com 38% das crianças entre os 9 e os 12 anos a terem um perfil numa rede social, é claro que os limites de idade não funcionam. Uma vez que muitos utilizadores abaixo dessa idade se registaram com uma idade falsa, mesmo que o fornecedor desenvolvesse definições de segurança e privacidade à medida das crianças mais jovens, eles não as conseguiriam identificar. Alguns jovens utilizadores de redes sociais têm perfis públicos que exibem informações pessoais e alguns contactam pessoas com quem não se encontraram. Deverão os fornecedores fortalecer as suas protecções? Ou livrar-se completamente dos limites de idade?

 

Não me parece que seja um mito. A minha percepção é que a maioria das pessoas têm a noção do limite etário das redes sociais e da facilidade com que pode ser ultrapassado, concordando neste aspecto com o que é referido. A minha percepção também é a de que muitos jovens – e adultos também – têm os seus perfis públicos. Muitas vezes sem o saberem. As duas questões que os estudo coloca são actualmente alvo de debate. O que me parece relevante e a dica que deixo é: Não se abstraia da vida online das suas crianças e jovens. De facto, os filhos precisam de pais online e offline. Crie um perfil nas redes sociais em que os seus filhos participam. As redes sociais podem ser uma excelente “ferramenta auxiliar de diagnóstico”. Convide, incentive, apoie e estimule os seus restantes familiares a fazerem o mesmo. Hoje em dia, a família deve ser família, online e offline. E se acha que os seus filhos ainda são demasiado pequenos para terem um perfil numa rede social, porque não começar por uma rede social para crianças – especificamente desenvolvida para menores de 13 anos de idade - ou por uma rede social familiar?

 

Veja a análise dos restantes mitos, seguindo as ligações abaixo:

  1. Os nativos digitais sabem tudo
  2. Agora todos estão a criar o seu próprio conteúdo
  3. Os menores de 13 anos não podem usar redes sociais, logo não nos preocupemos
  4. Toda a gente está a ver pornografia online
  5. Os bullies são vilões
  6. As pessoas que conhecemos na Internet são estranhos
  7. Riscos offline migram para o online
  8. Colocar o PC na sala de estar ajudará
  9. Ensinar competências digitais reduzirá o risco
  10. As crianças conseguem contornar o software de segurança

Os comentários são bem vindos.

hi5 e Pedofilia na Net

Tito de Morais, 02.11.08

O Jornal da Noite de 27 de Outubro, transmitido pela SIC, revelou o caso de "um jovem lisboeta, estudante de Direito numa Universidade privada da capital" que exibia fotografias de menores em actos sexuais no seu perfil do hi5. A reportagem referia que "as fotografias não foram colocadas pelo jovem na página, mas pertencem aos amigos que com ele comunicam e foram aceites por ele quando as podia ter negado".

 

A reportagem, que incluia uma entrevista com câmara oculta com o referido estudante, levantou uma questão que me parece de toda a relevância. Na entrevista, o estudante alegava inocência, afirmando que apenas se limitava a aceitar os pedidos de amizade que lhe faziam. Segundo a jornalista, "mesmo que assim seja, que tenha aceite sem ver o conteúdos das fotografias que lhe enviavam, não deixa de estar a praticar um acto punido por lei". E a jornalista acrescentava que "o artigo 176 do Código Penal diz que quem divulgar ou exibir material pornográfico com menores é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos". A reportagem incluia ainda o depoimento de Jorge Duque, Inspector-Chefe a Polícia Judiciária que corroborava as afirmações da jornalista de que tal prática constitui é crime.

 

A peça chamou-me particularmente à atenção por uma razão. No Workshop hi5ParaPais que realizei no Porto (reportagem começa aos 3 minutos), um participante questionou-me como poderia remover um "amigo". Este tinha mudado o nome com que aparecia no hi5. Em vez do nome próprio, aparecia agora para um palavrão. Este era exibido no perfil do participante do workshop, na sua lista de "amigos" e na zona das "actualizações de amigos" que aparece na zona central dos perfis do hi5. Sendo o participante no Workshop um professor, considerava que não queria estar associado a esse tipo de pessoas dado que isso o poderia prejudicar pessoal e profissionalmente.

 

Ora a prática do jovem da reportagem da SIC, de aceitar "amigos" indiscriminadamente, é uma prática comum no hi5 e noutras redes sociais. Este é um tema que refiro habitualmente nos Workshops hi5ParaPais. Essa prática encerra um risco acrescido. É que qualquer pessoa, depois de ter sido adicionada como amigo por terceiros, pode mudar a sua foto de perfil para uma imagem do abuso sexual de menores (pornografia infantil) e desta forma poder incriminar-se, mas também incriminar toda a sua rede de amigos num crime punido de 1 a 5 anos de prisão.

 

Quando penso que o participante no Workshop me dizia que, apesar de não conhecer bem a pessoa em questão até se tinha informado junto de amigos sobre a "fiabilidade" da mesma, acho que esta é uma lição que nos deve levar a pensar muito bem antes de aceitarmos pedidos de amizade de desconhecidos no hi5.

 

No meio disto tudo, tenho pena que a reportagem da SIC não tenha tido uma abordagem mais pedagógica. Isto é, deu-nos a conhecer o problema, mas não nos apontou soluções. Assim, limitou-se a assustar as pessoas o que contribui decisivamente para o clima de medo que muitos pais sentem relativamente ao hi5. Mas todos aqueles que quiserem aprender coisas tão simples como seja "como remover um amigo do hi5" e outras mais complicadas, deixo aqui o meu conselho. Inscreva-se na lista prioritária de notificação do Workshop hi5ParaPais, para poder frequentar este workshop num Distrito/Concelho perto de si. E para ficar com uma ideia destes Workshops, veja a peça sobre a edição do Workshop hi5ParaPais que teve lugar no Porto e que foi transmitida no Primeiro Jornal de 27 de Setembro da SIC, em http://ping.fm/JCcTs (começa aos 3 minutos).

 

Redes Sociais: Relações Entre Professores & Estudantes

Tito de Morais, 01.09.08

Em meados de Agosto, a secção de tecnologia do site da CNN publicou um artigo extremamente interessante intitulado "Online student-teacher friendships can be tricky" e que nos deve fazer reflectir.

 

O artigo começa por referir o facto de alguns professores usarem sites de redes sociais como o MySpace como forma de os ajudar a comunicar com os seus estudantes sobre trabalhos de casa, explicações e outros assuntos escolares. O artigo conta a história de um professor de 52 anos que criou um perfil no MySpace e começou a receber mensagens de alunos seus a pedirem para o adicionarem como amigo e enviar-lhe questões sobre trabalhos escolares. Segundo este professor de Inglês, "o simples facto de eu estar no MySpace fá-los pensar 'Bem, talvez possamos falar com este tipo e abrir linhas de comunicação'.

 

Curiosamente, quando lancei os workshops "hi5ParaPais", fui positivamente surpreendido pelo interesse de muitos professores em tirar partido do entusiasmo dos seus alunos pelo hi5 e aprender a usar o hi5 numa perspectiva pedagógica de que são exemplo os seguintes comentários, sobre o que gostariam de aprender:

  • "Novas formas de comunicar com os meus alunos de lhes passar e transmitir informações úteis, de forma a eles terem comportamentos seguros na Internet"
  • "Sou mãe mas também professora, por isso gostava que este assunto fosse abordada nestes dois aspectos: como pais e também como educadores / professores. Acho uma iniciativa necessária e muitíssimo útil."
  • "Como interagir e supervisionar os nossos filhos/alunos na sua utilização deste tipo de tecnologias."
  • "Utilizar o hi5 com segurança;tirar partido pedagógico do hi5; saber mais sobre o hi5."
  • "Como professora de informática, e apesar de estar sempre a tentar incutir nos meus alunos os perigos da exposição pessoal na net, tenho a certesa que alguns não me ouvem e que ainda fazem pior... Como falar com os alunos, como alertar os pais, para este perigo real?"
  • "Sou educadora, deixo ao seu critério os conteúdos pois todos serão válidos para eu poder partilhar com os pais dos meus alunos e colegas."

No entanto, o artigo refere que algumas pessoas receiam que os sites de redes sociais alimentem relações impróprias entre professores e alunos. Esta preocupação tem-se manifestado particularmente no Missouri, nos Estados Unidos, onde uma série de casos de relacionamentos sexuais entre professores e alunos despoletou um ataque aos relacionamentos entre professores e alunos. O artigo da CNN refere mesmo o caso de um site que regista os casos de professores disciplinados, presos ou condenados por comportamentos impróprios com alunos.

 

Perante estas preocupações, um legislador do Missouri está a patrocinar um lei que se propõe proibir os professores do ensino básico de manterem amizades com os seus alunos em sites de redes sociais. A isto, segundo o artigo da CNN, acresce que algumas escolas, sindicatos de professores e associações de pais e professores um pouco por todo o país estão a redigir políticas e a emitir conselhos sobre que tipo de relações online ou mensagens SMS são aceitáveis.

 

A isto, os professores respondem que os predadores continuarão a aproximar-se das crianças, mesmo que os relacionamentos online sejam proibidos. De facto, algumas destas medidas parecem-me casos típicos de "incendiar a aldeia para assar o leitão". Como refere um professor no artigo da CNN, quando já é tão difícil ajudar alguns miúdos, não se percebe que se tirem aos professores o acesso a ferramentas que têm ao seu dispor que lhes permitem fazer a diferença.

 

Segundo um jurista educacional citado no artigo, existe uma linha de demarcação entre professores e alunos e essa é uma linha da qual não se convém aproximar e muito menos pisar, aconselhando os professores afirmar desde o primeiro dia: "eu não sou vosso colega; eu não sou vosso amigo; eu sou só o vosso professor". Este jurista concorda que por vezes os professores precisam de comunicar com os seus estudantes depois das aulas, mas acrescenta que para esse efeito dispõem dos sites das suas escolas, eliminando assim a necessidade de utilização do Facebook, MySpace e similares, permitindo simultâneamente a possibilidade de monitorização de todas as comunicações estudante-professor.

 

Este ponto de vista parece-me excessivo e vindo de alguém que desconhece as funcionalidades limitadas disponibilizadas pela generalidade dos websites escolares. Até porque, como refere uma aluna no artigo, apesar dos professores disporem de páginas nos websites das suas escolas, a maioria dos estudantes raramente as visita.

 

Nesse sentido, estou com o professor citado no artigo que lamenta esta visão "maléfica" das tecnologias. Este professor alerta ainda para o facto da profissão, como outras que facilitam o contacto com crianças e jovens, atrair por vezes pessoas indesejáveis. Ou seja, não faz sentido que em vez de se preocuparem em lidar com este problema, afastando essas pessoas da profissão, as autoridades pretendam impedir os professores que não causam problemas de poderem ajudar algumas das crianças e jovens que mais precisam dessa ajuda.

 

Felizmente, esta não é uma voz solitária, havendo outras vozes com bom senso a pronunciar-se sobre o assunto, como é o caso do artigo "Legislating Teachers' Behavior Online". Por outro lado, os comentários no artigo no site da CNN são também uma leitura interessante, com alguns professores a relatarem as suas experiências. No entanto, como acontece sempre neste tipo de debates, algumas das opiniões expressas, deixam muito a desejar. Pelo menos em minha opinião.

 

A terminar, deixo a minha reflexão. A ausência ou fraco debate deste tipo de assuntos é o que, quandos os problemas surgem, a tendência seja para o surgimento de "soluções" extremistas. Este é assim um tema sobre o qual era importante a criação de orientações por parte das associações pais e professores, sindicatos, direcções regionais de educação e até pelo próprio Ministério. Isto porque, estou totalmente de acordo com o autor do artigo "Legislating Teachers' Behavior Online" quando este afirma que é necessário encontrar uma solução de meio-termo, entre proteger as crianças de predadores e permitir que as crianças possam contactar e estabelecer relações com as pessoas que podem fazer a diferença nas suas vidas de uma forma positiva. Proibir liminarmente os contactos entre professores e alunos não é solução. Concordo. Mas se este debate não se fizer, estaremos a dar azo a que surjam os bem intencionados com soluções extremistas e que tomam as decisões que outros se abstêm de tomar pela sua falta de debate.

 

Gostava de ouvir a opinião de pais, alunos e professores sobre este assunto, pedindo-lhe que use os comentários para o efeito.

 

Segurança & Redes Sociais

Tito de Morais, 18.08.07

Logotipo da ENISA - European Network and Information Security AgencyNo artigo "Amigos e Redes Sociais" já me referi à dimensão em Portugal das redes sociais como o hi5, Netlog, Orkut, etc. Por exemplo, segundo a ENISA (European Network and Information Security Agency), o MySpace afirmou ter atingido os 100 milhões de utilizadores em Agosto do ano passado. Daí que, se dificilmente se percebe porque as redes sociais estiveram ausentes do estudo referido no artigo anterior, por outro lado facilmente se percebe que a ENISA tenha recentemente desenvolvido um workshop onde colocou a questão: "quão seguras são as redes sociais?"

 

Segundo a ENISA, os especialistas referem que existem muitas razões para nos preocuparmos; dos worms especializados na sua propagação através de perfis em redes sociais até ao roubo de identidade, passando pela extorsão, phishing e até pelo recrutamento de terroristas, as redes sociais têm de tudo. Mas a maior ameaça é à privacidade pessoal.

 

"Milhares de jovens estão a expôr os detalhes mais íntimos das suas vidas pessoais onde toda a gente os possa ver", refere Alain Esterle, Chefe do Departamento Técnico da ENISA. "Os sites da redes sociais criam a sensação de se estar entre amigos -  mas muitas vezes um empregador potencial pode estar interessado no facto de uma dada pessoa ter sido detida ou nas drogas que consumio no dia anterior. Acresce que as novas tecnologias tais como o reconhecimento facial online e os arquivos Internet tornam difícil esconder ou remover tal informação uma vez que esta seja colocada online". A propósito destas afirmações recomendo a leitura do artigo "Redes Sociais: Diferenças Entre o Real e o Virtual".

 

O sentido de intimidade acima referido tem sido explorado por anunciantes com perfis falsos para vender bens, por predadores sexuais de crianças que se infiltram em redes mediante a utilização de perfis falsos e até por organizações terroristas para encontrar recrutas num dado grupo social. Acções de cyberbullying que se caracterizam pela intimidação de alunos de escolas ou assédio a professores através de redes sociais também têm atraído muita atenção. Josie Frasier da Childnet, no Reino Unido, explicou que muitas crianças não denunciam acções de cyberbullying por sentirem que os seus professores não compreendem as redes sociais.

 

Mas nem tudo são más notícias. Segundo Lien Louwagie da Netlog, uma rede social belga com mais de 25 milhões de utilizadores e uma das mais populares em Portugal, "não permitimos que os nossos utilizadores revelem dados pessoais tais como códigos postais", acrescentando que "aqueles que o fazem serão banidos". Este responsável acrescentou ainda que "a Netlog coloca botões de denúncia de abusos em quase todo o lado, pois levamos estes problemas a sério". Por outro lado, segundo Maz Nadjm da Rareface, um empresa de redes sociais baseada em Londres, "a utilização criteriosa de ferramentas de moderação podem ajudar muito". Segundo Alessandro Acquisti, da Universidade de Carnegie Mellon, o seu estudo "Awareness is Key" revelou que os utilizadores se tornavam mais cuidadosos após responderem a um questionário sobre privacidade no Facebook. "O simples facto de responderem a perguntas sobre a sua privacidade tornou-os mais cuidadosos". Este comentário é extremamente interessante, constituindo como que só por si, uma importante razão para a realização de estudos neste domínio.

 

Segundo o comunicado de imprensa da ENISA, esta tomará uma posição sobre as redes sociais através da publicação de um documento oficial em Outubro de 2007. "O objectivo é beneficiar os utilizadores e os fornecedores de serviços de redes sociais sociais, encorajando um ambiente mais seguro em sites de redes sociais", afirmou Andrea Pirotti, Director Executivo da ENISA. Entretanto, poderá aceder às apresentações e whitepapers relativos a este workshop a partir desta página ou, alternativamente, poderá consultar o documento que resume as apresentações e as mesas redondas (PDF - 56KB).

Exposição & Consequência

Tito de Morais, 07.08.07

Imagem ilustrativa de "celebrações" académicasJá alertei várias vezes para os riscos associados à exposição excessiva em sites de redes sociais. Uma das potenciais consequências dessa exposição excessiva relaciona-se também com a reputação dos jovens. Em meados de Julho, na sua notícia "Caught on camera – and found on Facebook", o Times Online refere que o Facebook está a ser usado por autoridades universitárias como uma ferramenta disciplinar. A título de exemplo, relata o caso da Universidade de Oxford, cujo pessoal está usar o Facebook para recolher fotografias e multar estudantes cujas fotos indiciam a violação das regras no âmbito de celebrações académicas. Para além de exemplos relacionados com este caso, o Times Online refere ainda outros casos em que a informação colocada em sites de redes sociais se pode virar contra os próprios utilizadores. Entre esses casos, contam-se:

  • Uma Miss que foi vítima de chantagem em resultado de uma foto colocada no seu perfil do Facebook
  • Uma responsável de uma empresa de relações públicas que reconheceu ter recusado uma candidatura depois de se ter apercebido que o candidato tinha usado o Facebook para criticar empregadores anteriores e discutir informação da empresa
  • Cinco estudantes canadianos impedidos de participar numa viagem de estudo em resultado da descoberta de comentários sobre professores no Facebook
  • Um consultor de carreiras norte-americano que afirma ter recusado emprego a um candidato em resultado de comentários deste no Facebook

  • Vários estudantes da universidade de DePauw, no Indiana, que foram alvo de medidas disciplinares por terem colocado informação no Facebook que permitiu associá-los a um acto de vandalismo

  • Uma estudante da Universidade da Pensilvânia que viu recusado o seu diploma de professora pelo facto da universidade considerar que ela promovia o consumo de bebidas alcoólicas por menores, em resultado de uma foto intitulada Pirata Bêbada que a estudante havia colocado no MySpace

Este último caso é desenvolvido em pormenor no site da MTV, sob o título "Woman Denied Degree Over 'Drunken Pirate' MySpace Photo Sues School".

 

Ainda segundo o Times Online, um estudo de 600 empresas britânicas revelou que uma em cada cinco empresas usa sites de redes sociais para recusar potenciais candidatos.

 

Independentemente de poderemos considerar estes exemplo excessivos, brandos, correctos ou incorrectos, servem de exemplos que nos podem ajudar a fazer ver aos jovens as potenciais consequências resultantes da utilização irresponsável de sites de redes sociais. É que, contrariamente ao que poderão ser levados a pensar, os sites de redes sociais não são espaços fechados. Os comentários e as fotos que aí se colocam é como se fossem colocados num painel publicitário em plena baixa. Com assinatura e tudo! Em função disto, é bom que pensem bem no que colocam neste tipo de sites. Sobretudo antes de o fazerem. Antes de se entregarem a praxes académicas excessivas e antes de se candidatarem a um emprego.

Redes Sociais Infantis

Tito de Morais, 06.08.07

Imagem do Club PenguinNo artigo "Amigos" e Redes Sociais, referi as principais redes sociais acedidas a partir de Portugal. Geralmente, nas suas Condições de Utilização, estas referem que a sua utilização só é permitida a utilizadores maiores de 13 ou 15 anos. As grandes marcas e empresas no domínio dos média, apercebendo-se do grande impacto das redes sociais nos adolescentes apressaram-se a adquirir as principais. Apercebendo-se desse impacto, começaram também a proliferar as redes sociais para crianças, isto é, destinadas especificamente a crianças e pré-adolescentes. Daí que não seja de estranhar a notícia, destes primeiros dias de Agosto, da aquisição do Club Penguin pela Disney.

 

Mas o que é o Club Penguin? Lançado em Outubro de 2005, o Club Penguin destina-se a crianças e pré-adolescentes, permitindo aos visitantes do site adoptar, dar o nome, alimentar e vestir pinguins virtuais, conversar e jogar com outros utilizadores.

 

O Semanário Sol, entre outros, noticiou a aquisição. Mas com uma "ligeira" incorrecção. O Sol refere que a Disney deu 350 mil dólares pelo Club Penguin, podendo este montante vir a atingir os 700 mil dólares caso a empresa atinja os seus objectivos. Pois... não são 350 mil dólares... são "apenas" 350 MILHÕES de dólares, podendo o negócio vir a atingir os 700 MILHÕES de dólares, como noticia o Los Angeles Times (Disney buying Club Penguin website).

 

Os números acima referidos dão-nos uma ideia da importância atribuída a este novo mercado pelas principais empresas de média. Mas eis mais alguns números referidos pelo LA Times que nos ajudam a ter uma ideia da dimensão do Club Penguin:

  • 700.000 assinantes (assinaturas pagas)
  • 12 milhões de utilizadores registados, a maioria nos EUA e no Canadá.

Para um site lançado há menos de 2 anos, é obra!

 

Mas o Club Penguin não é o único player neste mercado. Izzy Neis, uma aficionada da cultura popular (especialmente no domínio do entretenimento para crianças), refere cerca de 3 dezenas no seu blogue, no artigo "Worthy Tween/Kid Communities". Neste, alguns utilizadores acrescentam ainda mais alguns nos comentários. Dos sites acima referidos como recomendados para crianças e pré-adolescentes (até aos 13 anos), apenas os seguintes apresentam versões em língua portuguesa:

Dada a escassez, suspeito não demorará muito tempo até surgirem projectos neste domínio em língua portuguesa.

 

Verificando a lista acima referida, provavelmente aperceber-se-á que alguns daqueles que os seus miúdos usam não figura na listagem, nomeadamente o Habbo. Se o site que os seus miúdos usam não se encontra nesta listagem, provavelmente estará numa outra onde são referidos sites que, aparentando visualmente ser para crianças e pré-adolescentes, na realidade se destinam a utilizadores com mais de 13/14 ou 15 anos. Pode ver informação sobre estes últimos no artigo "Communities NOT for Kids/Tweens".

 

Segundo Izzi Neis, a ideia da criação desta segunda listagem - de sites que não se destinam a utilizadores menores de 14 anos - surgiu-lhe ao constatar que muitos pais não faziam a mínima ideia que alguns destes sites, de aparência visual infantil ou juvenil, não se destinam na realidade a crianças ou pré-adolescentes. Izzi acrescenta ainda que, apesar de genuinamente gostar da maioria destes sites, sentiu que devia fazer o alerta pois eles NÃO SE DESTINAM A PESSOAS COM MENOS DE 13 ANOS DE IDADE (e por vezes até 14/15 anos de idade). E como conclui Izzi Neis, é sempre boa ideia dar uma vista de olhos às políticas de privacidade dos sites para obter informação relativamente a limites de idade.

"Amigos" e Redes Sociais

Tito de Morais, 23.07.07

Durante o primeiro semestre de 2007, 2 344 mil (2,3 milhões) residentes em Portugal Continental, com 4 e mais anos de idade, visitaram sites de redes sociais enquanto navegavam na Internet a partir de casa. Estes números, revelados por um estudo NetPanel da Marktest divulgados no passado dia 17 de Julho, corresponde a 77,6% dos utilizadores da Internet nesse período.

 

Ainda segundo este estudo, este número de utilizadores corresponde a mais de mil milhões de páginas vistas (uma média de 465 páginas por utilizador) e a mais de 7,5 milhões de horas dedicadas a sites de redes sociais (uma média de 3 horas e 14 minutos por utilizador). Ainda segundo o estudo, o sexo feminino lidera os acessos a este tipo de sites entre as 11:00 e as

23:00h., sendo que o sexo masculino apresenta uma taxa superior de acesso após as 23:00h e durante a madrugada.

 

Logotipo do hi5Entre os diversos sites de redes sociais, como era de esperar, o hi5 lidera destacadamente em toda a linha, seja no número de utilizadores únicos, páginas vistas ou tempo de permanência no site. De facto, segundo o estudo, 2.015 milhões de utilizadores visionaram 637 milhões de páginas no hi5, tendo dedicado 4,9 milhões de horas a esta rede social. Segundo o site do Hi5, este conta com mais de 100 milhões de utilizadores registados, atrai mais de 25 milhões de utilizadores únicos por mês e, segundo o Alexa Traffic Rankings, é o 11º site com mais tráfego da web.

 

Logotipo do NetlogA seguir ao hi5, a rede social mais popular em Portugal parece-me ser o Netlog, anteriormente conhecido por Facebox, cuja versão portuguesa registou:

  • 540 mil utilizadores únicos (4º lugar)
  • 124 milhões de páginas visionadas
  • 737 mil horas de navegação

O Netlog, tal como todos os restantes é batido pelo hi5 em toda a linha. No entanto, fica em segundo lugar em número de páginas visionadas e em horas de navegação, sendo apenas batido pelo Spaces e pelo MySpace em termos de utilizadores únicos. Segundo o site do Netlog, este conta com mais de 17 milhões de jovens na Europa e todos os meses mais de 2 biliões de páginas deste site são visitadas. Segundo o Alexa Traffic Rankings, o Netlog.Com é o 95º site com mais tráfego da web.

 

Em termos de páginas vistas e de número de horas dispendidas no site, o Orkut e o Fotolog disputam entre si o terceiro lugar. De facto, o Orkut é terceiro em termos de páginas vistas, com cerca de 110 milhões e é quarto em termos de horas, com pouco mais de 401 milhões de horas gastas no site.

Logotipo do FotologCom o Fotolog, a situação inverte-se. Esta rede social, é terceira com cerca de 628 mil horas de navegação e quarta em termos de páginas vistas, com pouco mais de 100 milhões de páginas vistas. Segundo o Alexa Traffic Rankings, o Orkut é o 8º site com mais tráfego da web e o Fotolog é o 21º.

 

Por fim, populares em termos do número de utilizadores únicos, mas não tanto em termos de páginas vistas e horas de navegação, figuram o Windows Live Spaces, o MySpace e o Tagged, com 993, 571 e 534 mil utilizadores únicos, respectivamente. De acordo com a classificação do Alexa Traffic Rankings, o MySpace é o 6º site com mais tráfego da web.

 

Tabela da divisão da audiência do hi5, segundos os sexos e a idadeEstes dados demonstram a importância crescente que as redes sociais têm assumido nas preferências em termos de sites visitados pelos utilizadores da Internet, não só em Portugal, mas em todo o mundo. Da minha experiência, sobretudo pelos utilizadores mais jovens. De facto, segundo dados do hi5, 25% dos seus membros têm entre 13 e 17 anos. Daí a importância de pais e educadores se familiarizarem com este tipo de sites, de forma a poderem partilhar das experiências online dos seus filhos, alunos e educandos. Aproveito para alertar que, apesar de muitas destas redes sociais apenas permitirem o registo a maiores de 13 ou de 15 anos, muitos jovens abaixo destas idades encontram-se registados, já que é fácil indicar uma outra data de nascimento para se poder fazer parte da rede. 

 

Se ainda não conhece este tipo de sites, é altura de passar a conhecê-los. Descubra-os. Os melhores guias serão, provavelmente, os seus filhos, alunos ou educandos. Pergunte-lhes se conhecem. De quais fazem parte. Que funcionalidades têm esses sites. O que se faz por lá. E porque não, peça ajuda aos seus filhos para lhe darem uma ajuda a aderir. Esta será a melhor forma de ficar a conhecer as coisas por dentro.

 

Ao nível dos riscos associados à utilização deste tipo de sites e dos cuidados a ter, já tenho escrito alguns artigos que podem ajudar à conversa com os seus filhos, alunos ou educandos:

Do comunicado de imprensa da Marktest, discordo no entanto do título: "2,3 milhões fazem amigos na net". Daí ter adoptado "amigos" no título deste post e por isso mesmo em tempos escrevi o artigo "Pirâmides de Confiança", cuja leitura também recomendo.

 

Os sites acima são apenas alguns dos sites das muitas redes sociais existentes. De facto, os seus filhos poderão não ser membros de nenhum dos citados, mas terem aderidos a outros tais como o Bebo, Facebook, Friendster e Xanga. Isto para só citar alguns da cerca de uma centena referenciados na Wikipedia (em inglês) e outros tantos na versão portuguesa onde abundam as redes sociais brasileiras, também muito populares em Portugal. E para não falar nos nacionais, nomeadamente, o Mingle, o NetJovens, o PortugalNet e aquele que, segundo se fala, o Sapo irá lançar brevemente.

 

A terminar, não deixe de integrar na sua conversa uma visita às páginas de segurança destes sites que, invariavelmente contêm alguns conselhos para jovens e para os respectivos pais. Aqui ficam os links para os principais: